Campos do Jordão joga 100% de seu esgoto nos rios

População da cidade triplica nos fins de semana da alta temporada e Sabesp diz que estação de tratamento vai ficar pronta em 2013

PUBLICIDADE

Por Gerson Monteiro
Atualização:

ESPECIAL PARA O ESTADOCAMPOS DO JORDÃO Às vésperas do Festival Internacional de Inverno, Campos do Jordão, a 180 km de São Paulo, prepara-se para receber até o fim de julho 700 mil turistas, que devem movimentar R$ 1 bilhão. A população de quase 50 mil habitantes triplica nos fins de semana da alta temporada, mas quem visita a cidade nem sempre faz ideia que os rios que cortam a estância climática recebem 100% do esgoto produzido no município, sem tratamento. Lagos também recebem dejetos in natura.Segundo o superintendente de Gestão de Empreendimentos da Sabesp, Benedito Felipe Oliveira Costa, a obra da estação de tratamento de esgoto de Campos do Jordão será iniciada ainda neste mês. "Encontramos o terreno e contratamos a empresa. A licença ambiental que falta para o início da obra deve sair nesta semana." A promessa é entregar a estação de tratamento até o fim de 2013.Para a população, o assunto já virou lenda. Em uma pequena mercearia no Morro das Andorinhas - região de mata ocupada ilegalmente que pode ser avistada logo na entrada da cidade -, o comerciante João Carlos Duarte mostra conta da Sabesp. Do total de R$ 52,86 da taxa mensal, R$ 22 é para serviço de esgoto.O pedreiro João Braz da Silva lembra da promessa ouvida quando chegou à cidade, há 41 anos. "Desde que cheguei falam que vão resolver, mas a única coisa que vi até agora foi aumentar o número de casas e o fedor insuportável do rio, principalmente na região do Horto Florestal."O risco de contágio de doenças também preocupa gente que vive perto do rio. Até mesmo quem trabalhou na medição de terrenos para o projeto de criação da Estação de Tratamento de Esgoto(ETE) não acredita na solução do problema. "Não tenho esperança", critica o aposentado Daniel Alzires Ferreira, que diz ter trabalhado 33 anos na Sabesp. Água. Segundo o Censo 2010, a rede coletora de esgoto de Campos do Jordão cobre 77,53% dos domicílios, abaixo da média paulista (86,73%). A água encanada está presente em 89,44% das casas -abaixo das médias de estâncias e do Estado - 90,67% e 95,05%, respectivamente. A prefeitura diz que muito morador opta por captar água de mina.Índices de cobertura de energia e coleta de lixo de Campos do Jordão são de quase 100%. Mas, embora levantamento feito em 2010 pelo IBGE não aponte favelização no município, antes de chegar à badalada região central pela via principal que leva o turista ao Capivari, seus morros apresentam imagem degradante. Centenas de casas ocupam extensas áreas verdes. No bairro do Britador, placa indica que o núcleo está congelado e ali residem 712 famílias - 182 em área de risco, segundo levantamento feito pela prefeitura em fevereiro.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.