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Câmeras do shopping filmaram delegados

A chefes, ex-delegado-geral disse não saber o motivo que levou colegas ao Higienópolis

Foto do author Marcelo Godoy
Por Marcelo Godoy e Marcio Pinho
Atualização:

As imagens da ida de Marco Antônio Desgualdo, Everardo Tanganelli, Paulo Sérgio Oppido Fleury e um investigador identificado como Cardenutto ao Pátio Higienópolis foram gravadas pelo circuito interno do shopping. Trata-se do mesmo sistema que filmou o encontro do secretário com um jornalista, cuja divulgação detonou o escândalo. O centro de compras entregou as imagens à Corregedoria da Polícia Civil.Ao ser informado da existência das imagens, que mostrariam os delegados até se cumprimentando após obtê-las, o delegado-geral, Marcos Carneiro Lima, foi pessoalmente pedir a Desgualdo que se demitisse. Ouviu do ex-chefe - Desgualdo foi delegado-geral de 1999 a 2007 - que havia sido chamado pelos outros delegados para ir ao shopping sem saber que eles queriam obter imagens do encontro do secretário. Quando viu do que se tratava, resolveu manter distância.Para Carneiro, era tarde. Desgualdo teria rompido a relação de confiança e sua permanência no cargo ficou inviável. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública confirmou à tarde que o afastamento de Desgualdo foi ordenado "em razão de as apurações preliminares apontarem seu envolvimento no episódio do Pátio Higienópolis". A Corregedoria deve ouvir Desgualdo, Tanganelli e Fleury. Também devem ser ouvidos Cardenutto e o delegado Ivaney Cayres de Souza."Daqui a pouco vão dizer que o tsunami aconteceu porque eu espirrei", afirmou Souza, quando questionado se teve participação na obtenção da fita. O Estado apurou que ele não aparece nas imagens, mas se encontrou com outro jornalista no shopping no mesmo dia em que o secretário Ferreira Pinto esteve lá. Souza nega participação na suposta espionagem e diz que seu passaporte prova que ele estava nos EUA quando a denúncia contra Túlio Kahn foi publicada.Segundo a advogada de Tanganelli, Tânia Nogueira, seu cliente também não fez parte da suposta espionagem. O advogado Jorge Henrique Martins, que já teve como cliente o ex-delegado Paulo Sérgio Fleury, disse que não foi procurado neste caso. PRINCIPAIS PONTOS DA ATUAL GESTÃOCriminalidadeEntre 2009 e 2010, homicídios caíram 5,3% no Estado e chegaram à menor taxa da década: 10,47 casos por 100 mil habitantes. Também caíram roubos e furtos de veículos (-4,4%).CorrupçãoA Corregedoria ficou independente da hierarquia da Delegacia-Geral e o número de inquéritos de corrupção cresceu 35%. Mais de 200 policiais foram afastados do Denarc e fraudes no Detran são alvo de investigação que atinge 162 delegados.SaláriosA Associação dos Delegados da Polícia Civil de SP reclama que o piso salarial no Estado é o segundo pior do País - só perde para o Pará.

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