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Cabral é comparado ao capitão que abandonou navio

Governador não foi ao local da tragédia e se isolou; ontem, disse em nota que acompanhava o trabalho de resgate

Por Wilson Tosta e RIO
Atualização:

Assim como já havia feito em outras tragédias no Estado, o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), não compareceu ao local do desabamento dos três prédios na Avenida Treze de Maio, no centro da capital fluminense, durante os trabalhos de resgate - nem ontem, até as 21h, nem na noite de anteontem.Diferentemente de seu aliado e afilhado político, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), o governador cancelou a agenda de eventos e se isolou de contatos públicos durante o dia. Já o prefeito da capital fluminense correu para o cenário de destroços pouco depois do colapso dos edifícios na noite de quarta-feira e ontem voltou às 6 horas para acompanhar a ação das equipes de bombeiros. A atitude de Cabral provocou críticas de adversários e internautas, que cobraram, nas redes sociais, a presença do governador no epicentro da tragédia.Em tom irônico, alguns críticos compararam a atitude de Cabral à do comandante do Costa Concordia, Francesco Schettino, acusado de ter abandonado a embarcação em meio ao naufrágio, na Itália, em 13 de janeiro. Alguns usuários do Twitter até reproduziram a ordem dada ao oficial pela Guarda Costeira italiana: "Vada a bordo, cazzo!" (Volte a bordo, c...!)." "Sergio Cabral" disputou, ao longo de todo o dia, os primeiros lugares dos assuntos mais comentados na rede de microblogs. Às 14h50 de ontem, o governador do Rio reagiu: por e-mail, sua assessoria de imprensa afirmou que, desde a noite de quarta-feira, Cabral acompanhava "o trabalho da Defesa Civil estadual, do Corpo de Bombeiros e da Prefeitura do Rio de Janeiro". O governador também destacou o trabalho de Paes (que é pré-candidato à reeleição neste ano) e procurou destacar o trabalho conjunto do Estado com a administração municipal. "Estamos vivendo esse momento ainda chocante desde ontem, acompanhando a evolução dos fatos sob o comando do prefeito Eduardo Paes e do secretário de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Simões", disse o governador do Rio, segundo o comunicado. "Estamos trabalhando. Ainda resta sempre uma esperança de encontrar sobreviventes e, em última análise, resgatar corpos e, depois, retirar os escombros do que ficou." Luto. Às 19h29, a Assessoria de Imprensa do governo do Estado informou que Cabral decretou luto oficial de três dias por causa do desabamento.

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