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Busca por caixas-pretas do AF 447 é retomada

Por Angela Lacerda e RECIFE
Atualização:

Na noite deste domingo, dois navios, o norueguês Seabed Worker e o americano Anne Candies, equipados com sofisticados sonares e robôs e tendo a bordo técnicos e cientistas altamente especializados de várias partes do mundo, partem do Porto do Recife para dar início à terceira fase de buscas pelas caixas-pretas do voo 447 da Air France. O Airbus A330 desapareceu no Oceano Atlântico depois de decolar do Rio, com destino a Paris, no dia 31 de maio do ano passado - 228 pessoas de 32 nacionalidades morreram. O anúncio da retomada das buscas - suspensas em agosto - foi feito na tarde de ontem por Jean-Paul Troadec, diretor do Escritório de Investigações e Análises (BEA, sigla em francês). Cem pessoas vão fazer parte da expedição que vai concentrar as buscas em uma área de 2 mil km² - dez vezes menor que a inicialmente coberta - a 1,5 mil quilômetros da costa. Os navios devem chegar ao local dos trabalhos na terça-feira, quando toda a atenção se voltará para a recepção de emissões e ecos do fundo do mar. Os desafios e dificuldades são muitos: as caixas-pretas devem estar a 4 mil metros de profundidade, em uma área de solo acidentado. Eventuais ecos de caixa-preta serão investigados pelos robôs, equipados com câmeras. O tempo máximo da expedição é de 32 dias, mas há possibilidade de cobertura da área em 15 dias.O grande objetivo é encontrar as caixas-pretas, cujas gravações poderão elucidar as causas do acidente e ajudar na segurança do transporte aéreo. Se forem encontradas e com material preservado, será um fato inédito, pois nunca caixas-pretas foram localizadas depois de meses. Elas emitem sons durante 30 dias depois de um acidente. Embora esta não seja a prioridade da operação, caso sejam achados destroços do avião ou corpos, há condição de resgate.Nesta terceira etapa de buscas, foram investidos 10 milhões, bancados pela Airbus e Air France. As duas primeiras etapas - no valor de 9 milhões - foram patrocinadas pelo governo francês. Troadec observou que esses custos não envolvem os gastos das Marinhas. Familiares. O diretor da Associação dos Familiares das Vítimas do AF 447, Maarten Van Sluys, que representa 48 das 228 famílias, destacou que um eventual sucesso da nova busca, além de por fim à angústia dos familiares, vai facilitar os processos judiciais visando a indenizações. "Se achadas as caixas-pretas, se poderá saber quem foram os responsáveis pela tragédia e as ações poderão ser direcionadas para os culpados", afirmou. Sluys concorda com o BEA em relação à manutenção do desconhecimento da causa do acidente sem as caixas-pretas. "Somente turbulência ou apenas eventuais problemas nos sensores pitot AA que equipavam o Airbus A330 não são suficientes para provocar a queda."Segundo Sluys, os familiares continuam se reunindo e, independente do resultado desta nova tentativa, os processos judiciais continuarão sendo movidos. "Os passageiros foram vítimas." Das 48 famílias, 38 são brasileiras e dez de outras nacionalidades. Ele disse não nutrir ilusão quanto à localização de corpos "298 dias depois do acidente". Sluys perdeu a irmã Adriana. PASSO A PASSO1.Como foi a primeiraetapa de buscas?Iniciada logo após a tragédia, pela parte brasileira seconcentrou na procura doscorpos das vítimas. Coube à França buscar, sem sucesso, as caixas-pretas de forma mais específica. No total, dez aviões, dois helicópteros e quatro navios participaram da busca inicial, na tentativa de cobrir uma distância estimada em 1.230 km de Oceano Atlântico, entre Natal (RN) e o início do espaço aéreo de Dacar, no Senegal 2.E a segunda fase?De 16 de julho a 21 de agosto, foi realizada pelo navio "Pourquoi pas ?", com sonares e robô submarino com capacidade de mergulho em altas profundidades. Não obteve pistas das caixas 3.Como será agora? Dois navios, o norueguês Seabed Worker e o norte-americano Anne Candies, equipados com sofisticados sonares e robôs e tendo a bordo técnicos e cientistas de várias partes do mundo,vão varrer 2 mil km² - área 10 vezes menor que a inicialmente coberta - a 1,5 mil km da costa pernambucana

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