Bruno vai admitir pela 1ª vez que Eliza está morta

Estratégia da defesa, no entanto, é atribuir sequestro e homicídio a Macarrão, que já foi condenado por participação no crime

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Por MARCELO PORTELA E ALINE RESKALLA
Atualização:

CONTAGEM - No depoimento marcado para hoje, o goleiro Bruno Fernandes vai admitir, pela primeira vez em público, que a ex-amante Eliza Samudio está morta. Mas, conforme apurou o Estado, deve negar qualquer envolvimento no crime. A estratégia seria atribuir o sequestro e o assassinato ao ex-braço direito, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão.A outra ré que está sendo julgada - a ex-mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues do Carmo - foi ouvida por cerca de quatro horas ontem. Ela contou que, no dia em que foi presa, acusada de subtração de incapaz por ter ficado com o filho que Eliza teve com Bruno, recebeu duas ligações do então policial civil José Lauriano de Assis Filho, o Zezé. "Eles (Bruno e Macarrão) falaram para não contar para nenhum policial sobre a criança." Mas Dayanne resolveu falar sobre o bebê com Zezé, que considerava um amigo de confiança.Zezé foi um dos alvos da investigação do caso Eliza, mas acabou deixado de fora do inquérito. Agora, já fora da polícia, é investigado, juntamente com o também ex-policial civil Gilson Costa, em uma apuração "suplementar" pedida pelo Ministério Público Estadual (MPE) por suspeita de participação no assassinato da jovem - que teria sido executada pelo ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, já acusado formalmente do crime.Dayanne também negou as acusações de envolvimento no crime, mas admitiu ter visto todos os acusados no sítio do ex-atleta do Flamengo na época do crime. Segundo a ré, na noite do desaparecimento, Bruno só pediu a ela para "cuidar da criança". Ela contou que Macarrão disse a Bruno que Eliza havia deixado o bebê.Bruno é acusado de ser o mandante do sequestro, cárcere privado e assassinato de Eliza, enquanto Dayanne é processada pelo sequestro e cárcere privado do bebê. Desde o início do julgamento, na segunda, circulam rumores no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, de que o goleiro poderá confessar a participação no crime.Em novembro, Macarrão foi condenado a 15 anos de prisão (12 em regime fechado), depois de assumir que participou da morte de Eliza, mas alegou que o goleiro foi o mandante do crime. "Dissemos para ele (Bruno) contar o que sabe. A máscara já caiu. Ele não é mais goleiro do Flamengo. É um cidadão comum, um preso, um réu", declarou o advogado Tiago Lenoir, um dos defensores do jogador. Mas ele ressaltou que isso não significa que o acusado vá assumir que cometeu o crime. "Se ele confessar, a confissão vai surpreender até os advogados", salientou. Questionado sobre a possibilidade de o goleiro atribuir o crime a Macarrão, o advogado preferiu manter silêncio e disse apenas que, entre a palavra do goleiro e do ex-amigo, a do jogador teria "muito mais peso". "A confissão do Macarrão é completamente distinta das provas."Depoimentos. Ontem, foram ouvidas as testemunhas de acusação. Chamou a atenção o depoimento de Célia Aparecida Rosa Sales, prima de Bruno. Ela foi ouvida na condição de informante, o que significa que não tem compromisso com a verdade, como as demais testemunhas. E confirmou que teve de cuidar do filho de Eliza com Bruno, função que também coube a Dayanne, após a mãe do bebê ser levada do sítio do goleiro em Esmeraldas, também na Região Metropolitana, e não retornar mais. De acordo com Célia, Eliza foi levada por Macarrão e por Jorge Luiz Lisboa Rosa, primo do jogador que tinha 17 anos à época. A informante disse que Eliza acreditou estar sendo levada para um apartamento que Bruno teria oferecido para ela morar com o filho do casal e chegou a convidar pessoas que estavam no sítio para visitá-la. Durante o depoimento de sua prima, Bruno se manteve de cabeça baixa.Vídeos. Posteriormente, ocorreu a exibição de vídeos com reportagens. O goleiro voltou a chorar e foi amparado pelo advogado Lúcio Adolfo. A mãe da modelo também se emocionou e passou mal ao ver uma das reportagens. Já Dayanne permaneceu impassível na exibição. Mais à noite, Bruno foi dispensado e levado ao presídio, enquanto tinha início o depoimento da ex-mulher.

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