Prefeitura de SP anuncia abertura de 555 leitos para covid e pede que jovens busquem hospitais

Cirurgias eletivas serão suspensas nos hospitais-dias e município vai contratar leitos privados

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Por Julia Marques
Atualização:

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou nesta sexta-feira, 12, a abertura de 555 leitos de covid-19 na cidade, a suspensão de cirurgias eletivas em hospitais-dia e a contratação de leitos privados de enfermaria. Diante do agravamento da pandemia e mudança no perfil dos internados, o secretário de saúde, Edson Aparecido, fez um apelo para que os jovens busquem atendimento médico caso tenham sintomas da doença. 

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Os 555 leitos anunciados pela Prefeitura se dividem entre vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e enfermarias. Serão abertos 130 leitos de UTI na próxima segunda-feira nos hospitais do M'Boi Mirim, Guarapiranga e São Luiz Gonzaga. E 185 leitos de enfermaria na próxima semana, nos hospitais Cantareira, Capela do Socorro e Sorocabana. 

Além disso, serão abertos 240 leitos nos hospitais-dia do município. Nessas unidades, estão suspensas as cirurgias eletivas para a conversão dos hospitais em unidades de atendimento de casos de covid-19 de baixa e média complexidade. 

O secretário Aparecido anunciou ainda a contratação de leitos privados de enfermaria não covid-19 para que pacientes da rede pública sejam transferidos a essas unidades particulares. Dessa forma, seria liberado espaço nos hospitais municipais para atender infectados pelo coronavírus. Também haverá chamamento público para aluguel de 49 respiradores. 

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas Foto: Marcelo Chello/Estadão (1/12/2020)

A abertura de novos leitos ocorre em um momento em que o sistema de saúde sofre pressão pelo alto número de infectados e aumento do tempo de internação. Na primeira onda da pandemia na cidade, também era elevado o número de pacientes internados, mas, desta vez, os doentes demoram mais tempo para se recuperar, o que pressiona o sistema.

"É quase o dobro de tempo de permanência (em relação à primeira onda)", disse Aparecido. Ele atribui essa diferença à nova variante, originária de Manaus, que está em circulação na capital paulista e já é predominante em vários Estados do Brasil. Nesta sexta-feira, a cidade de São Paulo tinha 83% de ocupação de leitos municipais de UTI e 76% dos leitos de enfermaria. 

Lotados, os hospitais particulares na cidade de São Paulo também cancelam cirurgias eletivas, recusam pacientes e passam a atender dentro dos prontos-socorros. No Hospital Israelita Albert Einstein, na zona sul, houve caso de espera de 12 horas por um leito de terapia intensiva, segundo relatou uma diretora da unidade ao Estadão

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1/4 da população já teve contato com o vírus

O secretário Edson Aparecido atualizou ainda os dados de testes de coronavírus realizados na população. Os exames indicam 25% de prevalência do vírus na capital paulista. Ou seja, um quarto da população da cidade de São Paulo já teve contato com o vírus.

Os testes também mostram como a doença se espalhou na cidade. A prevalência do vírus é maior na zona sul (28,6%), seguida das zonas norte e leste (26%) e menor na região centro-oeste (19,4%). A parcela de infectados entre a população de alto IDH subiu e foi para 20,1%, mas segue maior entre a população com baixo IDH (28,8%). 

O estudo destaca ainda que 45,1% da população é assintomática. "Esse dado mostra a necessidade do distanciamento social e uso da máscara", disse Aparecido. Mesmo pessoas assintomáticas podem transmitir o vírus e, como não têm sintomas, não sabem que estão infectadas. 

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Em relação à faixa etária, os adultos de 18 a 34 anos apresentam hoje a maior prevalência da covid-19 na cidade, segundo a Prefeitura. O jovem adulto se contamina mais e há aumento significativo de internações nessa faixa etária. Aparecido fez um apelo para que jovens procurem o serviço de saúde logo após a manifestação de sintomas da covid-19.

"Fazemos forte recomendação para que todas as pessoas, sobretudo os jovens, procurem imediatamente uma unidade de saúde para encaminhamento aos hospitais. O jovem demora mais para procurar o sistema de saúde e, quando chega, já está em condições agravadas", disse o secretário. Aqueles que saem para lugares não essenciais são os que apresentam a maior prevalência da doença, de acordo com o estudo da Prefeitura. 

Na coletiva de imprensa para anunciar medidas de combate à covid-19, a Prefeitura também informou que iniciará a vacinação dos idosos de 75 e 76 anos a partir de segunda-feira, 15. A população estimada nesta faixa etária é de 115 mil habitantes. A imunização será feita em 468 unidades básicas de saúde, além de 14 mega drive thrus. A Prefeitura pede que os idosos que estão recebendo a segunda dose da vacina procurem os postos na parte da tarde para que a manhã fique reservada aos que vão tomar a vacina pela primeira vez. 

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Escolas serão fechadas na cidade de SP

Também houve a determinação de suspensão das aulas presenciais, tanto na rede municipal quanto na particular. A suspensão começará na quarta-feira, 17, e deve valer até o dia 1.º de abril, com retorno apenas depois da Páscoa.  Segundo o prefeito Bruno Covas, a medida se faz necessária para conter o avanço do coronavírus na cidade. 

De acordo com a Prefeitura, houve 500 surtos de síndrome gripal nas escolas municipais na última semana. Os surtos são caracterizados quando há dois ou mais casos de síndrome gripal na escola. Na semana do dia 14 a 20 de fevereiro, o número de surtos era de 173; entre os dias 21 e 27 de fevereiro, foram 181 surtos. Ou seja, houve aumento de infecções ao longo do tempo em que as unidades permaneceram abertas. 

Essa situação motivou recomendação da Vigilância Sanitária para que as atividades nas escolas fossem suspensas, segundo a Prefeitura. Nesta quinta-feira, o Hospital Sírio-Libanês também recomendou a suspensão de atividades presenciais nas escolas que contrataram a consultoria do Sírio, diante da escalada de infecções na cidade de São Paulo. 

Assista abaixo à coletiva de imprensa realizada no início da tarde desta sexta-feira. 

Nesta quinta-feira, o governador João Doria (PSDB) determinou o início do que chamou de "fase emergencial", a partir de segunda-feira, ainda mais restritiva do que a fase vermelha. Todo o Estado, incluindo a capital, deve seguir as diretrizes da fase emergencial. Entre as medidas determinadas em todo o Estado estão restrições a lojas de materiais de construção, teletrabalho em escritórios e órgãos públicos e proibição de cerimônias religiosas. Também houve restrição ao funcionamento de escolas estaduais, que entrarão em recesso a partir de segunda-feira. 

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