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Brasil tem 241 rotas de tráfico de pessoas, diz ONU

Dados apresentados ontem pela senadora Angela Portela mostram que 76 delas estão na Região Norte do País

Por Rosa Costa
Atualização:

Integrante da CPI do Tráfico de Pessoas, a senadora Angela Portela (PT-RR) apresentou ontem no plenário do Senado dados da Organização das Nações Unidas (ONU) que apontam existência de 241 rotas do tráfico no País, sendo 110 relacionadas ao tráfico interno e 131 ao tráfico internacional. A Região Norte, segundo a senadora, tem maior concentração de rotas (76), seguida de Nordeste (69), Sudeste (35), Centro-Oeste (33) e Sul (28).Ela explicou que há no País um processo completo para efetivar o tráfico, com a prática de recrutamento, transferência, transporte, alojamento ou acolhimento de pessoas para exploração sexual, trabalho ou serviços forçados, escravatura ou práticas similares à escravatura, de servidão ou de remoção de órgãos. "Para o êxito de tal prática, recorre-se a ameaças, ao uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridades perante situações de vulnerabilidade, entrega ou aceitação de pagamentos a exploradores."A senadora informou que há relatos recolhidos de pessoas que não precisam manter-se anônimas, revelando que, no mercado do tráfico de seres humanos, "uma menina vale cerca de R$ 1,5 mil, para fins de exploração sexual, em Roraima". "Se for menor de 18 anos e sem experiência no mercado do sexo, a menina vale ainda mais." Disse ainda que as meninas traficadas, geralmente com idade entre 12 e 17 anos, são levadas para prostíbulos em Manaus ou para o Suriname. "A distância entre Boa Vista, nossa capital, e Georgetown (capital da Guiana) é menor do que a que nos separa de Manaus."Angela defendeu uma lei específica para combater essa modalidade criminosa. "Devemos mostrar a esses criminosos que um país decente se faz com punição a todo tipo de crime, particularmente os crimes hediondos, como o tráfico de pessoas, sejam eles de crianças, adolescentes, mulheres. Não podemos mais continuar assistindo às denúncias se sucederem uma às outras sem que tenhamos de dar um basta a uma prática tão hedionda quanto o tráfico de pessoas."

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