Boto-cinza deve ganhar área de proteção

No Rio, Baía de Sepetiba concentra a maior população do animal ameaçado de extinção

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Por THAISE CONSTANCIO
Atualização:

RIO - Para combater o processo de extinção do boto-cinza (Sotalia guianensis) na Baía de Sepetiba, na costa fluminense, a prefeitura de Mangaratiba apresentou, em reunião com o Ministério Público Federal (MPF), proposta para criação de Área de Proteção Ambiental (APA) de uso sustentável até janeiro. 

A baía tem a maior concentração de boto-cinza do Estado. Hoje, restam mil animais no local; há dez anos havia o dobro. 

Reportagem flagrou pequenas embarcações de pesca em áreas onde grupos de 40 a 100 botos se reúnem para comer Foto: Wilton Júnior/Estadão

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A APA terá 240 km² de espelho d'água (a baía tem 536 km²) em que todo o ecossistema será protegido e os pescadores artesanais continuarão a exercer suas atividades. Também terá pessoal e material para fiscalização permanente e espaços para pesquisa e defesa do ambiente marinho. Outros animais ameaçados de extinção, como peixe mero, tartaruga-verde e sardinha-verdadeira, além de espécies que sofrem com a sobrepesca, como o camarão-branco e a corvina, estarão protegidos.

"Faremos estudo técnico para delimitar as áreas (que podem receber empreendimentos), mas não tem mais espaço para empreendimentos na região porque a baía está saturada", disse a secretária do Meio Ambiente de Mangaratiba, Natacha Kede. O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou que a criação de uma APA marinha estadual, proposta em 2008, "está em fase de estudos".

O processo de extinção do boto-cinza tem sido acelerado pela pesca predatória, crescimento urbano e industrial desordenado e falta de fiscalização. A maioria dos golfinhos morre presa em redes de captura de peixes. Por isso, em 1993 foi instituída a Portaria 107 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que proíbe o uso de redes de cerco em barcos do tipo traineira e o arrasto com parelha e rede de couro na baía.

O MPF em Angra dos Reis abriu um inquérito civil exigindo que o Ibama, o Inea, a Polícia Federal (PF) e a Capitania dos Portos realizem "operações conjuntas" de fiscalização e repressão "para coibir a mortandade ilegal do boto-cinza".

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