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Bombeiros seguem buscas por dois soterrados em desabamento na zona leste de SP

Oito pessoas morreram e 26 foram socorridas com vida após queda de prédio em construção em São Mateus; acidente foi por volta das 8h30 de terça-feira, 27, e a Prefeitura afirmou que a obra estava irregular

Por Felipe Tau , Luciano Bottini Filho , Monica Reolom e Victor Vieira
Atualização:

SÃO PAULO - O Corpo de Bombeiros segue as buscas por duas pessoas soterradas no desabamento de um prédio comercial de dois pavimentos em construção na Avenida Mateo Bei, altura do número 2.600, em São Mateus, na zona leste de São Paulo. O acidente ocorreu por volta das 8h30 de terça-feira, 27, e deixou oito mortos até o momento. Outras 26 pessoas foram socorridas com vida do local, que abrigaria uma loja da rede de roupas Magazine Torra Torra. A Prefeitura afirmou que a obra estava em situação irregular e foi autuada duas vezes.

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O bombeiros receberam o chamado às 8h35 de terça e 23 viaturas chegaram a prestar atendimento, além helicópteros Águia da Polícia Militar. A estimativa é de que cerca de 34  pessoas trabalhavam no empreendimento no momento do acidente, de acordo com informações dos responsáveis pela obra e de parentes das vítimas. Os feridos, de leves a graves, vários com fraturas, foram separados em uma triagem no local e encaminhados a hospitais da região. A maioria trabalhava na obra.

As equipes do Corpo de Bombeiros pretendem usar cães farejadores para achar mais vítimas. Segundo o major dos Bombeiros Anderson Lima de Oliveira, comandante da operação, uma das vítimas resgatadas manteve contato com os socorristas pelo celular, o que facilitou a sua localização. Trata-se de um homem de 24 anos, que estava sob duas lajes. Ele foi retirado com ferimentos nos membros inferiores, mas estava consciente. Ainda conforme o major, os socorridos informaram que a estrutura entrou em colapso repentinamente, sem que houvesse explosão.

De acordo com o capitão Marcos Palumbo, também do Corpo de Bombeiros, além das vítimas soterradas, havia outras que estavam próximas da obra e não ficaram sob os escombros. O capitão afirma que recebeu a informação de que a construção do prédio começou há cerca de três meses e abrangia uma área de cerca de 400 metros quadrados. A região é de grande movimento e diversas linhas de ônibus passam pelas ruas próximas, que foram isoladas. Seis imóveis vizinhos - quatro residenciais, onde moravam 15 pessoas, e dois comerciais - foram interditados por oferecerem risco de desabamento.

 

 

Para facilitar o atendimento, foi montado um posto avançado no local. Segundo Palumbo, os trabalhos são delicados, pois é preciso cuidado com novos desabamentos.

Responsáveis. O Magazine Torra Torra negou ter responsabilidade sobre a obra e afirmou que só assumiria o imóvel após as reformas estruturais que seriam realizadas pelo proprietário.

Segundo a empresa, havia um contrato de locação e uma firma de engenharia contratada pelo magazine fazia uma avaliação sobre as condições de uso do prédio. "Caso esse laudo técnico fosse positivo, atestando a segurança estrutural, a rede então faria o acabamento para abrigar mais uma unidade", afirmou a Torra Torra por meio de nota.

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O grupo tem 37 lojas, todas no Estado de São Paulo, e começou com uma unidade no Brás, região central da capital paulista, em 1992. O prédio que desabou seria a oitava loja na cidade.

O advogado dos proprietários do imóvel, Edilson Carlos dos Santos, disse em entrevista à GloboNews que as chaves do prédio já haviam sido entregues à Torra Torra. Ele afirmou que a rede de lojas fez escavações para a instalação de elevadores e escadas no edifício, sem comunicar os donos. Em nota, a Torra Torra negou.

Depoimentos. Quatro testemunhas do desabamento prestaram depoimento no 49.º DP, em São Mateus. A polícia apura se houve negligência na condução da obra.

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