Bombeiros continuam combate a incêndio em Santos

Trabalho de bombeiros ainda pode durar três dias em área que começou a pegar fogo na manhã de quinta-feira

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Por Luiz Alexandre Souza Ventura
Atualização:
Fogo começou na manhã de quinta-feira Foto: Ricardo Nogueira/Efe

Texto atualizado às 20h25

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O Corpo de Bombeiros conseguiu apagar o fogo em dois dos cinco tanques que estão em chamas no pátio da Ultracargo, na área industrial da Alemoa, em Santos, litoral sul de São Paulo. Apesar disso, segundo os Bombeiros, o incêndio ainda não está totalmente controlado. A coordenação da operação evita fazer previsões sobre o fim dos trabalhos, mas há expectativa de que o incêndio dure mais dois ou três dias.

Mais de 100 homens, com o uso de 40 viaturas e o apoio da embarcação Governador Fleury, mantêm o combate constante, com água e espuma, para resfriar a área e impedir que o fogo se alastre. Também participam a brigada de incêndios das indústrias de Cubatão e a Guarda Portuária.

Desde o começo do incêndio, por volta das 10h de quinta-feira, 2, a operação é complexa e perigosa. Segundo a corporação, a temperatura chega a 800ºC, o que impede o combate efetivo às chamas, porque a água evapora antes de chegar aos tonéis. Em todo o pátio são aproximadamente 50 tanques, cada um com capacidade para armazenar 6 milhões de litros de combustível. Existem áreas específicas para contenção do combustível vazado, mas essas bacias já estão cheias. Em determinados momentos do dia o vento empurra o fogo para tonéis que ainda não foram atingidos.

A área atingida fica próxima ao Porto de Santos e da Rodovia Anchieta. A coluna de fumaça é vista à distância. Em muitos pontos das cidades de Santos e São Vicente é possível sentir cheio de queimado.

No começo da noite de quinta-feira um tanque desabou e o combustível ficou espalhado, dificultando ainda mais a contenção das chamas. Novas explosões foram registradas na manhã desta sexta-feira. Na região do incidente houve chuva de cinzas, sujando carros e roupas. Segundo especialistas, não se trata de resíduo tóxico, mas de algo parecido com carvão. De qualquer forma, há recomendação para que as pessoas evitem exposição ao material.

De acordo com a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), o movimento de navios no canal do estuário permanece interrompido no local do incêndio. Os cinco navios removidos da área pela Praticagem continuam na Barra de Santos, aguardando autorização para retornar. A Codesp reforça que o Porto de Santos funciona normalmente.

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Contaminação. A fumaça formada pela queima de combustível é poluente. Partículas e gases podem ser levados pelo vento para a Serra do Mar. Por isso, o incêndio nos tanques da Ultracargo pode provocar um acidente ambiental, prejudicando fauna e flora. Muitos especialistas têm feito alertas sobre esse problema em entrevistas a veículos de comunicação e jornalistas que estão cobrindo o incidente. No caso do etanol, a queima provocaria uma fumaça azulada. A cor preta é preocupante, porque indica conter outros elementos, como o material do próprio tanque, a tinta e outros combustíveis. Não há enxofre nos materiais envolvidos, o que descarta a possibilidade de chuva ácida.

Hospital. O bombeiro Claudio Rodrigues Gonçalves, de 39 anos, foi atingido no olho por uma fagulha e precisou ser levado ao Pronto-Socorro Central de Santos para avaliação oftalmológica. O paciente já recebeu alta. A Prefeitura de Santos informou que o SAMU atendeu 21 pessoas no local, todos homens que sofreram com superaquecimento. "Não é queimadura. Isso acontece porque as vítimas são funcionários da área industrial da Alemoa, usam roupas pesadas, sofrem alterações na pressão arterial e aumento na temperatura corporal", diz a administração santista.

Ainda conforme a Prefeitura, crises nervosas e inalação de fumaça também foram registradas nos pacientes. Todos foram atendidos no local e liberados. No Pronto-Socorro Central de Santos, três pessoas com crises nervosas foram medicadas e liberadas.

Cruzeiros. Houve alteração no horário de check-in dos passageiros do navio MS Empress, da Pullmantur, que acabaria às 15h30 desta sexta-feira, 3, e foi ampliado até 17h30. Segundo o Concais, 90% dos 1.600 ocupantes são de outras regiões. O acesso para o Porto pelo Viaduto da Alemoa, no km 64 da Rodovia Anchieta, permanece fechado.

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