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Blocos dividem opiniões na Vila Madalena

Moradores-foliões celebram festa na porta de casa e vizinhos reclamam de barulho e lixo; Bangalafumenga cancela desfile no Rio

Por Paula Felix e Fabio Grellet
Atualização:

SÃO PAULO - O início dos desfiles de blocos nas ruas da Vila Madalena, na zona oeste da capital, dividiu opiniões entre moradores e comerciantes. No último fim de semana, ao menos quatro grupos carnavalescos levaram uma multidão para o bairro, provocando reclamações de uns e recebendo elogios de outros.

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Moradora da Rua Fradique Coutinho há três anos, a produtora de eventos Juliana Cainelli, de 35 anos, aprova a iniciativa. “Pulo muito, vou fantasiada. Estou curtindo, porque é carnaval. Se não gostarem, que se mudem”, diz, referindo-se aos vizinhos que estão contrariados com a festa.

Também moradora da rua, a produtora Tricia de Freitas, de 38 anos, discorda. “Para a gente que mora aqui não é legal. A falta de sossego é imensa. Tem muito barulho, pessoas desmaiadas na porta de casa às 15 horas. O bairro não tem estrutura”, reclama.

Para Claudimari, sujeira é o problema Foto: Evelson de Freitas/Estadão

A autônoma Claudimari Galli, de 67 anos, disse que os foliões não a incomodam, mas que o rastro de lixo deixado por eles é um problema. “Acho que é legal. A brincadeira faz parte, mas deixa muita sujeira.”

Para o comerciante Tom Green, coordenador do grupo Sossego Vila Madalena, a situação já está insustentável. Tanto que a entidade vai amanhã ao Ministério Público Estadual para apresentar queixas contra barulho, presença de ambulantes e o horário de término da festa.

“Para os moradores, o carnaval não significa alegria. (Os blocos) continuam atraindo essas pessoas que não sabem respeitar o espaço público. Não houve fiscalização do barulho, do trânsito nem dos ambulantes.”

Blocos lotaram as ruas do bairro no último fim de semana Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Presidente da Sociedade Amigos da Vila Madalena, Cassio Calazans também está insatisfeito com a nova temporada de desfiles no bairro. “A gente não é contra o carnaval, é contra o excesso de qualquer coisa. Criaram um monstro e é difícil de domar.” O comerciante Fabio Barreto, de 50 anos, diz que concorda com a festa, desde que haja organização. “Eu adoro, mas acho que tem de ter segurança, infraestrutura. Até agora, parece que está organizado.”

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A Secretaria Municipal de Cultura, por meio da assessoria, informou que os blocos encerraram as atividades no horário marcado, às 22 horas, com dispersão total à meia-noite e que houve fiscalização do trânsito e monitoramento de ambulantes. Disse ainda que tem assimilado os pedidos de moradores e comerciantes da região.

Rio. O Bangalafumenga, banda carioca que sairia pelas ruas do Rio no domingo de carnaval, dia 15, com previsão de reunir 100 mil pessoas, anunciou nesta segunda-feira, 2, que decidiu cancelar o desfile. Em nota, informou que a decisão foi motivada pela sujeira deixada pelos foliões, que urinam nas vias. A prefeitura do Rio oferece 24.525 banheiros químicos durante os desfiles. Quem urina na rua pode ser detido e multado em R$ 170. 

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