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Bikeboys se espalham pela cidade (e rápido)

Magrelas ganham mercado de frete de SP com apelo sustentável e tempo competitivo

Por Denize Guedes
Atualização:

Sonic chega acelerado à Rua Bela Cintra, na região da Avenida Paulista, para pegar o serviço. "Você retira na (Rua) Humberto I, na Vila Mariana, e entrega na (Rua) Frei Caneca", diz o chefe Rafael Mambretti. O apelido de personagem de videogame não veio de sua velocidade, mas do cabelo espetado. Tampouco ganha a vida como motoboy, mas como bikeboy - com o adicional de não poluir o ar, não acrescentar ruído à já ruidosa São Paulo e fazer a entrega, em muitos casos, em menos tempo que a moto.É por isso que Helder Ribeiro, o Sonic, de 30 anos, está para estacionar sua bike no centro financeiro do País e tornar sua classe mais presente no cenário paulistano - segundo o Sindimotosp, hoje há 2 mil cicloboys na cidade ante 200 mil motoboys. No fim do mês, Sonic vai ser o primeiro bikeboy a trabalhar no setor de malote da BM&F Bovespa, que preferiu uma bike a ampliar seu quadro de três motoboys."Temos a meta de neutralizar nossas emissões de gases do efeito estufa até 2012, ter um bikeboy integra essa estratégia", explica a gerente de sustentabilidade da bolsa, Sonia Favaretto. "E poderemos ter mais." A BM&F será uma das cinco contas fixas conquistadas pela Carbono Zero Courier em seus pouco menos de cinco meses de atividade. "Nascemos com três bikers courier (nome preferido pelo ramo), agora já temos nove", diz Mambretti, o chefe de Sonic. "Comparada a uma moto, que polui mais que carro, a bike evita a emissão de 72,9 gramas de CO2, segundo dados do departamento britânico de tráfego."Verde e eficiente. Foi também a preocupação ambiental que fez a empresa de soluções em tecnologia 24\7id substituir um dos seus quatro motoboys por um cicloboy. "Quando soube do serviço, fui logo atrás", diz o presidente, Ioshito Yagura, que é ciclista.O que ajudou Yagura a convencer toda sua equipe que a iniciativa não era apenas "verde", mas eficiente, foi o tempo do profissional no trajeto da Avenida República do Líbano até a Chucri Zaidan, ambas na zona sul. "Ele levou 31 minutos, enquanto o comum é o motoboy fazer em 1 hora", conta a diretora administrativa Vitória Hoffmann.O titular dos pedais, Fabrício dos Santos Lima, de 28 anos, explica: "A bike permite mais mobilidade, dá para ir pelo meio-fio, se há muito trânsito, dá para descer e caminhar com ela pela calçada, fora que é mais fácil estacionar." Quanto à convivência com seu par motorizado, garante que é tranquila. "Eles até dão passagem para a gente. Só taxista que acha que a gente está fazendo exercício", conta.Corpo atlético. Exercício, aliás, é algo para o qual o bikeboy que se preze tem de estar preparado. Preparo físico, comer carboidrato e beber muita água são pré-requisitos. "Mas tem hora que dá vontade de comer aquela feijoada. Motoboy pode, a gente acaba no açaí", brinca LimaMas se os motorizados podem bater uma feijoada na hora do almoço, sofrem com outras restrições. A de vagas é a campeã, especialmente no centro. "Hoje, o tempo de espera ali está em torno de 45 minutos", diz o presidente do Sindimotosp, Gilberto Almeida dos Santos.Ontem, ao lado do Pátio do Colégio, o motoboy Herbiton Santiago Mota, de 27 anos, já nem reclamava do bolsão para motos no Viaduto Boa Vista - que tinha 73 veículos enfileirados e nove em fila dupla. "Estou aqui há 15 minutos, já dei uma volta", contou. Perguntado sobre andar de bike, disse: "É uma boa. O combustível está caro."Francisca Cinopoli, gerente da empresa de frete Class Boy Express, confirma a competitividade da magrela por ali. "É mais rápida."

 

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