
15 de maio de 2013 | 02h02
"Estávamos preparadas para tudo, mas ainda assim ficamos decepcionadas. A gente também quer ter um filho para registrar o sobrenome das duas mães. Estava tudo caminhando para isso, para ter o reconhecimento de um casal."
Apesar de tudo, ontem o casal recebeu uma outra boa notícia, além da resolução do CNJ que obriga os cartórios a celebrar o casamento de gays. "Ganhamos um mandado para que seja aceito o nosso matrimônio. É a sexta vez que o juiz de paz se recusa a unir gays naquele cartório." Se a autoridade continuar a se negar, o casal pretende entrar com uma ação de danos morais. Como a Justiça já habilitou seu casamento, elas não podem mais trocar de cartório.
União. Há cerca de três anos, o professor de inglês Marcos Soares Nogueira de Souza, de 29 anos, namora o técnico de administração e controle Marcelo Olhê, de 30. O casal mora em Botafogo, na zona sul do Rio, e Olhê trabalha na Petrobrás. Meses atrás, ele se inscreveu em um concurso da própria empresa para trabalhar em outro município. Para concretizar a mudança, a pessoa selecionada ganhará uma ajuda de custo, cujo valor será maior se o escolhido tiver dependentes.
Para que Marcos pudesse figurar como dependente de Marcelo, o casal decidiu oficializar a união, até então informal, e registrou a união estável em um cartório. "Quando fomos ao cartório, sabíamos que o casamento não seria permitido e não chegamos a planejar nada", conta Marcos. Para registrar a união, eles não tiveram problema e a seleção está em curso.
"Agora não estamos mais preocupados com o concurso, ele se tornou secundário. Mas queremos nos casar e é ótimo saber que não dependemos mais da autorização de alguém que não tem nada a ver com nossa relação", diz Marcos. "Já que esperamos até agora, faremos tudo de forma planejada. Só vamos aproveitar a mudança daqui a algum tempo."
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