PUBLICIDADE

Batalha de Beltrame está apenas começando

Por Marcia Vieira
Atualização:

A limpeza na polícia carioca marca a segunda fase da política de segurança do secretário José Mariano Beltrame. Depois das Unidades de Polícia Pacificadora, que beneficiaram 200 mil moradores, acabando com o domínio de traficantes em mais de 15 favelas cariocas, Beltrame resolveu atacar a corrupção em todos os níveis da polícia. E de corrupção policial o secretário entende. Antes de assumir a Secretaria de Segurança do Rio, o gaúcho Beltrame acompanhou de perto as falcatruas de policiais cariocas. Como delegado da Polícia Federal, chefiou a Missão Suporte, que investigou o crime organizado no Rio. As investigações levaram 76 policiais militares à prisão. Beltrame inicia esta batalha contra a corrupção quando vive uma lua de mel com os cariocas. As UPPs são um sucesso e os índices de criminalidade caem mês após mês. Em entrevista ao Estado na sexta-feira, dia em que uma operação da Polícia Federal prendeu 30 policiais a partir de denúncias feitas por ele, Beltrame resumiu seu estado de espírito. "Eu poderia colocar a cabeça debaixo da mesa e ficar quieto. Mas não posso ficar aqui cinco, seis anos e não mexer nisso." A reação do chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski, que na sexta-feira foi obrigado a ir à Polícia Federal prestar esclarecimentos sobre o envolvimento de subordinados em atos ilícitos, mostra que o vespeiro pode ser muito pior. Turnowski tenta provar que o delegado Cláudio Ferraz, escolhido por Beltrame para comandar as investigações contra policiais, também é corrupto. Beltrame é o primeiro secretário que promove uma limpeza na polícia. Na única grande ação desse tipo, quando o ex-chefe de polícia e deputado estadual Álvaro Lins acabou preso em 2008, a iniciativa foi integralmente da Polícia Federal. A questão agora é saber como Beltrame vai administrar a crise entre os dois homens que ocupam cargos fundamentais na política de segurança. Turnowski exerce liderança forte na Polícia Civil. Ferraz tem a seu favor a prisão de mais de 300 policiais e bombeiros envolvidos com milícia. Como disse Beltrame ao Estado, enfrentar policiais é mais difícil do que enfrentar traficantes. E a batalha está apenas começando.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.