
10 de novembro de 2014 | 22h50
A solução para o problema da falta de água em São Paulo foi, mais uma vez, o lançamento de um grupo de trabalho. Depois de uma hora de conversa no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pareceram protagonizar um novo capítulo da disputa entre o PT e o PSDB.
“O palanque acabou e a oposição, agora, se faz no Parlamento”, amenizou o governador, à saída do Planalto. A poucos passos dali, porém, auxiliares de Dilma tentavam pôr no colo de Alckmin a culpa pela crise de abastecimento, ressuscitando o tema que animou a campanha eleitoral. Diziam ainda que o Planalto e o Bandeirantes têm visões distintas sobre a origem e a forma de resolver o problema.
Do conjunto de oito obras propostas pelo governador, e orçadas em R$ 3,5 bilhões, nenhuma delas, segundo o Planalto, estará pronta em 2015. “Não são obras para amanhã, mas não há risco de São Paulo ficar sem água”, insistiu Alckmin. Não foi o que disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. “A situação é crítica e preocupante”, resumiu ela.
Na reunião a portas fechadas, Dilma sugeriu a Alckmin que procurasse o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), para buscar uma aproximação política e um entendimento em torno da crise hídrica. Ele não disse nem sim nem não.
Com o agravamento da crise em São Paulo, Alckmin e Pezão deflagraram uma guerra, por causa da intenção do Bandeirantes de desviar para o Sistema Cantareira águas da bacia do Rio Paraíba do Sul. À época, Pezão afirmou que a iniciativa prejudicaria o abastecimento do Rio.
Nesta segunda-feira, 10, o governador do Rio disse que acredita em um “consenso com bom senso” para resolver a crise hídrica pela qual passa São Paulo.
“Estamos aguardando a nota técnica da Agência Nacional de Águas (ANA) sobre o assunto.” E também citou a audiência de conciliação marcada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux para a quinta-feira da próxima semana como um caminho para se chegar a um acordo entre Rio, São Paulo e Minas acerca da captação de águas do Rio Paraíba do Sul, que banha os três Estados.
Mas, já no início da próxima semana, ocorrerá a primeira reunião do grupo de trabalho da água em Brasília. A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, garantiu que o Planalto está disposto a ajudar São Paulo, apesar da necessidade de segurar os gastos públicos. Ao que tudo indica, Alckmin desconfia do milagre.
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