BASTIDORES: cisão no comando explica recuo no uso da Tropa de Choque

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Por Marcelo Godoy
Atualização:

Uma cisão no comando da PM está por trás do descontrole da tropa e dos erros de planejamento e execução nas manifestações de terça-feira e quinta-feira passadas. Primeiro, os Comandos de Policiamento de Choque (CPChoq) e o da Capital (CPC) resistem em cumprir as ordens do coronel Sérgio Merlo, da Coordenadoria Operacional. Depois, ambos queriam a presença da Tropa de Choque na terça-feira, que ficou de prontidão. Mas o desejo de usá-la foi frustrado pelo comandante-geral, Benedito Meira, que temia o desgaste político que o uso pudesse causar. Só homens de batalhões do centro entraram em ação na terça-feira - oito PMs ficaram feridos e um não foi linchado por pouco. Diante disso, Meira foi acusado por coronéis de ter deixado a tropa exposta e concordou com o uso do Choque na quinta. Não só. Enviaram-se reforços de batalhões de outras áreas.Com o emprego de unidades diferentes, o que falhou foi a coordenação. O comandante do Choque, coronel César Morelli, é quem mais resiste às ordens do coordenador operacional. O problema tem origem nos usos e costumes da caserna: Merlo é mais "moderno" do que Morelli, e "antiguidade" é posto na PM. De fato, os coordenadores anteriores eram todos mais antigos do que os coronéis dos grande comandos. Por isso, as unidades da PM ficaram sem coordenação. Somando o fato de o Serviço de Informações não ter identificado os grupos violentos que atuam nos protestos - como os Black Blocks -, chega-se ao quadro que levou o governo a prometer uma operação sem Choque e sem bombas hoje.

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