Bando rouba, mata casal e põe fogo na casa

Empresário e engenheira teriam sido mortos a mando do sócio do homem; crime aconteceu em condomínio de alto padrão em Jandira

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Por William Cardoso
Atualização:

SÃO PAULO - O empresário Nemias Domingos da Silva, de 68 anos, e a engenheira Dafne Filellini, de 55, foram mortos a facadas na noite de quinta-feira, 29, na casa onde moravam, em um condomínio de classe média alta, em Jandira, Grande São Paulo. Os bandidos ainda atearam fogo à residência das vítimas. Segundo a polícia, o mentor do crime é o sócio de Silva em uma confecção, Samuel de Moraes Soares, de 28 anos, que está preso.

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Soares teria criado um plano para se vingar do sócio por causa de um desentendimento e da vontade de Silva de romper a sociedade na confecção, que já durava um ano. Silva desconfiava que era roubado por Soares, e já tinha retirado uma Kombi usada na confecção. Pensava também em recolher suas máquinas.

Enraivecido, Soares instigou um amigo, Silas dos Santos Novaes, de 22 anos, a formar uma quadrilha para invadir a casa de Silva, segundo a polícia. Ele falou que o empresário tinha R$ 200 mil e duas armas guardadas.

Novaes, que também prestava serviços de entrega na confecção, chamou os amigos Agenil Jacinto de Freitas Neto, de 34 anos, Joel Antonio Vieira, de 32, e Wesley Freire de Sales, de 21, para participar do assalto.

Por volta das 18h30 de quinta-feira, Sales cortou a cerca elétrica, invadiu a casa e, no jardim, dominou a engenheira. Ele facilitou a entrada do restante do bando, que encontrou Silva deitado no sofá da sala. Eles perguntaram onde estavam escondidos os R$ 200 mil e as armas. O casal disse que não tinha dinheiro nem armas. Os ladrões não acreditaram e começaram a revirar a residência. Levaram cerca de três horas para descobrir que o empresário e a engenharia diziam a verdade.

Como esperavam encontrar armas na casa, não levaram sequer um revólver. Usaram duas facas de cozinha para matar Silva e Dafne. Ela foi a primeira a morrer, esfaqueada por Freitas Neto. Eles resolveram fugir, deixando para trás o empresário ainda com vida. No quintal, porém, decidiram que não seria interessante mantê-lo vivo. Como foi entregador na confecção, Novaes temia ser reconhecido. Os bandidos voltaram então para matá-lo. "Um detalhe é que eles também não sabiam como ligar o Mercedes de Silva, e perguntaram para ele como fazer isso (antes de matá-lo)", disse a delegada assistente de Jandira, Patrícia Barros, responsável pelo caso.

Novaes ficou incumbido de tirar a vida do empresário, mas disse que não sabia como fazer isso com uma faca. Freitas Neto decidiu ensiná-lo e apunhalou Silva no peito várias vezes. Depois, cortou seu pescoço.

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Incêndio. Antes de fugir, usaram a gasolina de um gerador para atear fogo à casa. Eles temiam deixar vestígios. Os corpos foram encontrados pela perícia, no quarto, carbonizados.

Durante uma ronda, a Guarda Civil de Jandira estranhou os bandidos transferindo produtos do Mercedes para a Fiorino de Novaes em uma viela no Jardim Gabriela 2. Na abordagem, os bandidos delataram uns aos outros e confessaram o crime. Silvania Araújo de Souza, de 43 anos, mãe adotiva de Sales e mulher de Vieira, estava no local e também foi presa. Ela também seria conhecida das vítimas. Na delegacia, todos disseram que Soares foi o mentor do crime.

A polícia chamou o suposto mandante dos assassinatos. Soares confirmou que havia comentado sobre os bens de Silva e disse que Novaes teria demonstrado interesse em invadir a casa. Ele nega envolvimento no caso. Todos foram autuados por latrocínio (roubo seguido de morte), formação de quadrilha e por provocar incêndio. Mais tarde, foi encontrado outro carro do casal, um Citröen, também usado na fuga.

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