10 de novembro de 2013 | 02h06
Um dia, dois palcos, onze atrações. Sem a euforia causada por um nome blockbuster, o festival Planeta Terra realizado ontem no Campo de Marte, zona norte de São Paulo, entregou o que prometeu: bandas indie de meia-idade, vanguardismo soul e surpresas para um público reduzido, se comparado a outros eventos do gênero.
A impressão que The Roots deixou foi de que tudo o que foi feito na música negra até hoje passou por ali. Soul, R&B, blues e sobretudo hip-hop. Quest Love na bateria é um gigante e o guitarrista Kirk Douglas é discreto o tempo todo até que passa a solar enquanto canta sobre as notas, como se fosse um sobrinho de George Benson.
O festival orgulha-se, ao contrário da megalomania de eventos como o Rock'n Rio, de receber no máximo 30 mil pessoas. O problema é que as atrações tiveram horários quase simultâneos, fazendo o público optar, por exemplo, entre assistir a Lana Del Rey ou a Beck.
O que Lana Del Rey tem de indie é sua origem. Seu palco e seu potencial de hits românticos são de uma popstar à moda antiga. Na primeira música ela já desceu até a plateia e recebeu uma coroa de flores.
Lana canta como quem flutua em nuvens. E seu som angelical levou um golpe assim que Beck começou seu show no palco ao lado. As guitarras da orgia do cantor invadiram a poesia de Lana e parte do seu público sentiu. Com a sensação de que a casa do vizinho estava mais divertida, algumas pessoas acabaram migrando de palco.
A correria foi grande quando a banda Blur surgiu às 21h35. Foi neste momento que as 27 mil pessoas se uniram para ver os pioneiros do britpop dos anos 1990. O Blur chegou com um show saudosista e menos festivo do que Beck e abriu a apresentação com o hit Girls and Boys. Emendou com Popscene, That Is No Other Way, Betlebum, Out of Time e Trimm Trabb. Foi um delírio para os indies trintões.
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