Avião de pequeno porte cai em SP e piloto morre Com brevê desde 1975, voava sempre com o mesmo modelo

Empresário de 62 anos havia partido do Campo de Marte para um voo de 40 minutos; destroços foram encontrados em mata

PUBLICIDADE

Por Luciele Velluto e Monique Abrantes
Atualização:

Um avião monomotor caiu na região de Parada de Taipas, no distrito do Jaraguá, extremo norte da cidade de São Paulo, por volta das 9h40 de ontem. O piloto e único tripulante, o empresário André Nestor Escobar Bertin, de 62 anos, morreu. A aeronave, modelo Embraer 711 Corisco, havia saído 10 minutos antes do Campo de Marte, também na zona norte, e voltaria para o mesmo aeroporto 40 minutos depois. O avião caiu perto da Estrada José Lopes. A região é cercada por mata, às bordas da Serra da Cantareira. A batida do monomotor em uma árvore de pequeno porte foi o suficiente para a hélice do avião ser lançada a 4 metros. "Ouvi o barulho de alguma coisa caindo no meio das árvores e quando cheguei encontrei o avião destroçado", contou Priscila Pereira Rodrigues, que mora no bairro.Outro morador, que estava na varanda de sua casa, contou que também ouviu a colisão nas árvores. "Inicialmente pensei que fosse um helicóptero. Apesar de haver muita neblina na hora, depois consegui ver que era um monomotor. O barulho do choque foi muito alto", afirmou Ary Vieira Baroncelli. Sete equipes dos bombeiros e um helicóptero Águia da Polícia Militar foram para o local do acidente. Eles chegaram por volta das 10h30, mas tiveram dificuldade para chegar aos destroços, pois a vegetação é fechada e a terra estava molhada.Investigação. Uma perícia será feita para determinar as causas da queda. Ainda não se sabe o motivo do acidente, mas técnicos da Aeronáutica devem entregar um relatório já na segunda-feira para o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).O avião não tinha caixa-preta. Para descobrir os motivos da queda, serão utilizadas as gravações de diálogo com controladores de voo e possíveis avarias no avião. Segundo a família de Bertin, o empresário era extremamente cauteloso e detalhista, o que os faz acreditar que o acidente possa ter ocorrida por qualquer tipo de falha, menos do piloto. "Ele era muito cuidadoso, checava tudo antes de decolar", lamentou um parente próximo que não quis se identificar.Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a documentação da aeronave, com prefixo PT-KRF, está regular. A manutenção está em dia e certificado é válido até 2013. Segundo o perito em aviação Roberto Peterka, o Embraer 711 "é uma aeronave de pilotagem elementar, com ampla gama de utilização".André Nestor Escobar Bertin, de 62 anos, era empresário, casado, tinha dois filhos e dois netos. Morador de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, vinha sempre para São Paulo para praticar seu hobby: voar. Bertin tinha brevê desde 1975, mais de 500 horas de voo - o equivalente ao que grandes empresas do setor aéreo exigem para contratar pilotos - e era sócio do Aeroclube de São Paulo desde 1980. O avião Embraer 711, conhecido como Corisco, era sempre o escolhido. "Ele voava regularmente e tinha experiência com esse avião", explica Alexandre Mele, diretor do clube de aviação.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.