Avião cai e mata herdeiro da Votorantim

Eduardo Ermírio de Moraes era sobrinho-neto de Antônio Ermírio; a noiva do rapaz, a mãe dela, o piloto e sua mulher também morreram

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Por CHICO SIQUEIRA e ARAÇATUBA
Atualização:

Cinco pessoas morreram na noite de domingo na queda de um avião bimotor na zona rural da cidade de Cândido Mota, região de Assis, no interior de São Paulo. Entre os mortos está José Eduardo Ermírio de Moraes, de 29 anos, sobrinho-neto do empresário Antônio Ermírio de Moraes, presidente do Grupo Votorantim, e filho de José Ermírio de Moraes Neto, do conselho administrativo do grupo.José Eduardo, o Duda, estava com a noiva, Letícia Piveta Assunção, de 30 anos, com quem se casaria em junho. Ele tinha ido para a casa da família de Letícia em Maringá (PR) para participar da festa de aniversário da noiva no sábado. Letícia é filha do empresário Benjamin Piveta, do setor de agronegócio. Segundo pessoas próximas, José Eduardo voltava com Letícia a São Paulo para cuidar dos preparativos do casamento.No aparelho também estavam a mãe de Letícia, Elizete Piveta Assunção, de 48 anos, o piloto do aparelho, Luís Rodrigues Marcondes, de 58, e a mulher dele, Luciana Aguiar da Costa e Souza, de 34 anos. Todos morreram no acidente. O aparelho, um King-Air modelo C90A, de prefixo PP-AJV, levantou voo do aeroporto regional Sílvio Name Júnior, em Maringá, às 19h37 com destino ao Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, mas por volta de 20h30 teria apresentado problemas e caiu em uma plantação de soja da Fazenda Três Marias, no bairro rural de Água do Miranda, em Cândido Mota. O aparelho pertence à Z Air Investimentos e Participações Ltda., do empresário Gilberto Borowski, dono da construtora Zabo Engenharia. Ele teria alugado para José Eduardo fazer a viagem. As causas da queda ainda são desconhecidas. Não se sabe se houve falha humana, mecânica ou se a queda foi provocada pelo mau tempo - chovia na região. Equipes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa), da Aeronáutica, chegaram ao local ontem para investigar o acidente.O resgate dos corpos terminou por volta das 3 horas de ontem. Os corpos de José Eduardo, do piloto e de Luciana foram levados para São Paulo. Os corpos de Elizete e Letícia foram levados para Maringá.Testemunhas. Profissionais da aviação debateram ontem pela internet as possíveis causas da queda. O King Air modelo C90A é considerado um dos modelos mais seguros na categoria. Os profissionais debatiam se ocorreu um problema nos motores, se houve pane seca ou se as condições climáticas podem ter contribuído para a queda.O motor esquerdo do avião foi encontrado no começo da tarde de ontem por moradores da região a cerca de dois quilômetros dos destroços. Testemunhas disseram que viram o aparelho apresentar problemas antes de cair. Morador da região, Eraldo José Pereira disse à polícia ter visto o aparelho rodopiar no ar em forma de parafuso antes de vir ao chão. Bombeiros disseram que havia cheiro de combustível perto do aparelho, indicando que o piloto possivelmente tentou esvaziar o tanque antes de cair. Uma das hipóteses debatidas nos fóruns de pilotos na internet, que analisaram as fotos dos destroços, era a possibilidade de ter entrado água da chuva nos motores, causando uma interrupção no funcionamento. A outra seria a de que o piloto teria tentado um pouso de emergência. O avião tinha duas pás danificadas para trás, o bico profundamente enterrado no solo e a fuselagem partida, além da asa direita quebrada antes do flap, o que, segundo alguns pilotos, poderiam indicar a tentativa de pouso e o descontrole do aparelho pelo piloto.Os pilotos reclamaram da falta de cursos e seminários de segurança e da resistência de donos dos aparelhos em contratar dois tripulante. Outra reclamação é sobre as informações das condições de tempo dos serviços de meteorologia. Até as 20 horas de ontem, a Anac não tinha respondido aos questionamentos feitos pela reportagem.

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