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Atropelador tinha bebido, diz amigo

Segundo jovem que estava no carro dirigido pelo estudante que atingiu ciclista na Paulista, os dois tomaram '3 ou 4 cervejas' antes

Por ANDRÉ CABETTE FÁBIO e CAIO DO VALLE
Atualização:

O homem que estava no mesmo carro que o estudante de Psicologia Alex Kozloff Siwek, de 21 anos, quando ele atropelou um ciclista na Avenida Paulista na manhã de domingo, afirmou que ambos ingeriram bebida alcoólica na balada, antes do acidente. Em depoimento à Polícia Civil, Diego de Luna Gaio disse que cada um consumiu "três ou quatro cervejas". No acidente, o braço direito da vítima, o operador de rapel David Santos Souza, de 21 anos, foi arrancado.Ontem, a delegada que investiga o caso, Priscila de Oliveira Rodrigues, esperava receber a comanda paga pelo jovem na boate Josephine, nos Jardins, que poderia indicar o consumo de outras bebidas. Há suspeita de que ele também teria bebido vodca. A delegada aguarda a conclusão do laudo do exame clínico feito no estudante pelo Instituto Médico Legal (IML), que deve atestar o estado de embriaguez. Hoje ela deve ouvir a vítima, o operador de rapel David Santos Souza, de 21 anos, que está internado no Hospital das Clínicas.Segundo policiais militares, Siwek "aparentava estar bêbado, alterado e com as vestes sujas de sangue" quando se entregou no 3.º Batalhão, no Jardim Saúde, na zona sul, após a ocorrência.Indiciado pela polícia por tentativa de homicídio, omissão de socorro, fuga de local de crime e por crime de trânsito, Siwek está preso no CDP Belém, na zona leste. Seu advogado, Cássio Paoletti, disse que vai pedir à Justiça a liberação do universitário. "Não chegou ao nosso conhecimento nenhum laudo ou manifestação clínica ou laboratorial que pudesse indicar isso (a embriaguez)". Ele disse que o jovem "não parecia estar embriagado, só muito chocado".O atropelamento foi por volta das 6 horas de anteontem, na altura do número 459 da Avenida Paulista, no sentido Paraíso. Souza pedalava na faixa da esquerda, já separada pelos cones da Ciclofaixa de Lazer que abriria às 7h, quando foi atingido pelo Honda Fit de Siwek. Testemunhas relataram à polícia que o carro fazia zigue-zagues e estava em alta velocidade - alguns cones foram atingidos. Siwek fugiu depois do acidente.À polícia, o atropelador teria dito inicialmente que não sabia nada sobre o braço da vítima. Porém, momentos depois, quando já era conduzido à delegacia para prestar depoimento, assumiu que o membro decepado ficara no banco de trás do carro e que antes de se entregar o havia arremessado no Córrego do Ipiranga, na Avenida Doutor Ricardo Jafet. Buscas foram feitas no local, mas o braço não foi recuperado, impedindo que os cirurgiões do Hospital das Clínicas, para onde Souza havia sido socorrido, tentassem o reimplante.Imagens de uma câmera da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) na Avenida Paulista foram enviadas ao 5.º DP (Aclimação) ontem à tarde, mas não mostravam o local exato da colisão. Nelas, só é possível ver a ambulância chegando. Hoje, uma empresa na Ricardo Jafet deve enviar imagens de uma câmera que pode ter flagrado Siwek jogando o braço no rio.Primeiros socorros. Após passar a noite na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital das Clínicas, Souza foi para um quarto comum, no fim da tarde de ontem. Segundo a família, está lúcido e esboça sorrisos. Sua irmã, a manicure Antônia Cídia, de 27 anos, diz que a vítima contou que, quando percebeu que seria atingido pelo motorista, chegou a tentar jogar a bicicleta na calçada, mas não conseguiu. Os primeiros socorros foram feitos pelo estudante de Publicidade Thiago Chagas dos Santos, que obteve noções de atendimento de saúde nos dois anos que cursou Enfermagem. "Só vi o carro quando ele atropelou alguns cones e o David. Ele freou, parou e depois deu partida." Chagas fez o procedimento de reanimação de Souza com massagem cardíaca enquanto aguardava o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). "Ele estava desacordado e os sinais vitais estavam muito fracos."Enquanto isso, ciclistas e pedestres começaram a se aproximar do local do acidente. Um deles ofereceu a Chagas um cadarço, para fazer um torniquete. O estudante conta que, assim que acordou, David começou a perguntar pelo braço que faltava, tateando o lado direito do corpo.

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