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Ato contra a Copa leva mil manifestantes ao centro de São Paulo

No Rio e em Porto Alegre, os protestos foram esvaziados e atraíram 50 pessoas

Por Fabio Leite , Marcelo Osakabe , Monica Reolom e Sérgio Quintella
Atualização:

SÃO PAULO - Pela segunda vez consecutiva, a manifestação contra a Copa do Mundo, em São Paulo, acabou sem tumulto. Com cerca de mil manifestantes e o mesmo número de policiais, o quarto protesto do gênero na capital, realizado nesta quinta-feira, 27, não registrou atos de vandalismo ou repressão policial. Segundo a Polícia Militar, ninguém foi detido. O próximo ato foi convocado para o dia 15 de abril no vão livre do Masp.

Para o tenente coronel Marcelo Pignatari, o protesto pacífico foi resultado de uma reunião prévia que aconteceu na tarde desta quinta-feira, 27, entre o comando da corporação e um grupo de manifestantes. "Essa iniciativa da polícia militar já foi tomada na manifestação anterior. Ela visa a encurtar essa distância (entre PMs e manifestantes). Todas as pessoas que estão de boa vontade estão do lado da polícia e vice-versa", disse.

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A concentração para o 4º ato começou às 18h na Praça do Ciclista e às 19h30 cerca de mil pessoas iniciaram a caminhada, que passou pela Avenida paulista, pela Brigadeiro Luis Antonio, pela Câmara Municipal na Maria Paula, pela Avenida São Luís e se encerrou duas horas e meia depois em frente à Praça da República.

Mesmo com vários black blocs à frente da marcha, os manifestantes designaram um porta-voz que negociou o trajeto com a Polícia Militar o tempo todo. "O diálogo ajudou bastante. Mas tiveram outros fatores. Acho que houve um amadurecimento dos dois lados. Nós continuamos abertos", disse Igor Leone, membros dos Advogados Ativistas, que defendem juridicamente os manifestantes.

Motivação. A PM filmou o protesto e o helicóptero Águia também atuou no patrulhamento. Os ativistas empunharam bandeiras com os dizeres "Fifa go home" e gritaram "Vem pra rua, vem" e "Fora Fifa". Uma bateria ajudou a animar o protesto. Um informe publicitário veiculado em uma rádio paulista e que dizia que o metrô lotado é um bom lugar para "xavecar" também foi criticado pelos manifestantes.

Entre os manifestantes, o estudante de Turismo William Oliveira, de 30 anos, disse que participa de protestos contra a Copa desde o primeiro ato, realizado em 2007, com apenas 50 pessoas. Ele também afirmou ter participado de todas manifestações convocadas em São Paulo desde o ano passado. "Temos de lutar por saúde, transportes, educação. O povo fica sempre calado", disse.

Oliveira defendeu a tática black bloc. "O sistema não presta. Acho mais válido quebrar banco do que deixar quebrar o País todo", afirmou. Segundo ele, o próximo ato contra o Mundial será na semana que vem, mas ainda não tem dia nem local definidos. "Queremos fazer um ato a cada três dias até a Copa e, durante o torneio, sair às ruas todos os dias."

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Fôlego. O protesto atraiu também idosos. Questionado sobre se teria pique para acompanhar a manifestação, José de Freitas, de 83 anos, disse que sim: "Fui na outra (manifestação), que começou no Largo da Batata (na zona oeste), e terminou na Praça da Sé (na região central)". Freitas tem uma motivação: "Lógico que sou contra a Copa, num País desse morrendo de fome. Copa para quem, se o ingresso é de R$ 100?"

No Rio e em Porto Alegre, os protestos foram esvaziados - em cada capital compareceram 50 pessoas. Na capital fluminense, o ato começou na Estação Central do Brasil. Os manifestantes seguiram pela Avenida Presidente Vargas e dispersaram na Assembleia Legislativa. Na capital gaúcha, um grupo de artistas se reuniu na porta da prefeitura para reivindicar mais investimentos em espaços culturais.

 

 

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