03 de março de 2012 | 03h02
"Infelizmente precisa morrer gente para todos perceberem o desrespeito que há com o ciclista", lamentou Maurício Longuini, de 34 anos, um dos 1.500 ciclistas que fizeram um protesto ontem à noite na Avenida Paulista, após a morte da bióloga Juliana Dias. O grupo se concentrou na Praça dos Ciclistas, na altura da Rua Bela Cintra, e seguiu até o local do acidente.
"O motorista profissional é nosso pior inimigo. Taxistas e motoristas de ônibus são os que mais desrespeitam ciclistas. Como eles estão trabalhando, acham que pode tudo", afirmou o cicloativista William Silva. Segundo ele, em São Paulo há cerca de 7 mil cicloativistas, que não encontram espaços nas ruas da cidade. "A Paulista é uma das vias de risco máximo ao ciclista, assim como a 23 de Maio."
Toda última sexta-feira do mês, o grupo já organiza uma bicicletada na Paulista, para lembrar vítimas de acidentes e reivindicar ciclovias e mais respeito no trânsito. Para eles, faltam vias exclusivas em São Paulo (leia mais abaixo).
"Estou com cada vez mais medo de andar de bicicleta", lamentou o mecânico Carlos Nascimento, de 29 anos. Ele mora em Guaianases e trabalha no Parque Villa-Lobos - no trajeto, pedala 80 quilômetros por dia,
Fundador do site Vá de Bike, Willian Cruz defendeu que a Prefeitura adote uma campanha de conscientização semelhante à de proteção aos pedestres. Já para o empresário e cicloativista Leandro Valverdes, falta vontade política. "Em seis meses, seria possível melhorar o cenário."
Prefeitura. Em nota, a São Paulo Transporte (SPTrans), empresa da Prefeitura que gerencia ônibus municipais, "lamentou" a morte da ciclista e disse investir em programas de reciclagem para motoristas do sistema de ônibus municipal. Ainda reiterou que todos os motoristas envolvidos em acidentes são afastados do trabalho. / CAMILLA BRUNELLI, BRUNO RIBEIRO e WILLIAM CARDOSO
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