PUBLICIDADE

Até bike elétrica cai em blitz no Rio

Ciclista recusa bafômetro e caso vira polêmica

Por Heloisa Aruth Sturm e RIO
Atualização:

Nem a bicicleta elétrica escapou da Operação Lei Seca. O cinegrafista Marcelo Toscano Bianco voltava do trabalho, no sábado, quando foi abordado por agentes que faziam uma blitz no Arpoador, zona sul do Rio. O inusitado incidente causou polêmica entre as esferas governamentais, que têm entendimentos diferentes. A abordagem ocorreu depois que o ciclista parou para filmar a tenda da blitz, montada bem em cima da ciclovia, obstruindo a passagem de bicicletas - o que também caracteriza infração grave. Tanto que o governo do Estado informou que "a coordenação-geral da Operação Lei Seca reconheceu a irregularidade ao montar a blitz em cima de uma ciclovia. Por isso, os coordenadores que comandavam essa operação específica serão desligados ainda hoje (ontem)".O ciclista se recusou a fazer o teste do bafômetro, teve a bicicleta e a carteira de habilitação apreendidas e foi multado em mais de R$ 1,7 mil por recusar-se ao teste, dirigir sem habilitação específica e sem capacete. Ele ainda pode perder 21 pontos e ter a CNH suspensa. "Achei tudo isso um abuso e absurdo por todo o constrangimento da situação. A bicicleta e a carteira são utilizadas para trabalhar", disse Bianco no Facebook. Para justificar as autuações, a Secretaria de Estado de Governo (Segov) usou as Resoluções 315 e 375 do Conselho Nacional de Trânsito, equiparando o veículo a um ciclomotor. Argumenta ainda que foi aplicado o artigo 129 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que classifica como ciclomotor os veículos com base na velocidade. Assim, se a bicicleta elétrica alcançar entre 20 e 50 km/h, estaria sujeita às determinações do CTB. Bianco afirma que foi informado pelo próprio Detran de que só veículos acima de 49 cilindradas têm necessidade de emplacamento e carteira. Já a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, responsável pelo sistema cicloviário, considera as versões elétricas semelhantes às comuns e, portanto, também vê equívoco na aplicação dessas multas pelo Estado. "A tendência é considerar as elétricas de até 250 watts como bicicletas regulares", afirmou o subsecretário Altamirando Moraes. "E as bicicletas elétricas vão continuar sendo usadas na cidade como todas as outras bicicletas, porque queremos ter uma mobilidade sustentável no Rio."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.