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Até atores e irmãos já celebram ''casamento''

Cerimônias geralmente seguem o rito tradicional, mas muda o autor do ''sermão''

Por Paulo Sampaio
Atualização:

O casamento da advogada Ana Carolina Spinardi, de 25 anos, seguiu praticamente todo o rito de uma cerimônia tradicional. Ela usava vestido branco, entrou de mãos dadas com o pai, passou sorrindo entre convidados e encontrou o futuro marido lá na frente. A única diferença foi que, em vez de padre, quem esperava os noivos no "altar" era um ator. "Meu marido é ateu, não sigo nenhuma crença, não queríamos cerimônia religiosa. Mas eu sonhava com todo o resto", conta Carol, que casou no fim do ano passado, ao som de From This Moment, hit de Shania Twain.Maio continua sendo o mês das noivas, e elas ainda querem tudo igual - música, entrada triunfal, flores, bolo -, mas agora buscam atores, amigos e até os próprios irmãos. Carol conta que chegou a cotar celebrantes profissionais, mas diz que os preços estavam fora de seu orçamento - chegavam a R$ 6 mil. Lucas Almeida, o ator escolhido, é irmão de um ex-namorado, que, por sua vez, foi padrinho. "Eu mesmo escrevi o texto, com base na história deles. Submeti aos dois, eles aprovaram tudo", conta. Segundo Lucas, a única coisa fora do script foi uma engasgada que deu no início. "Fiquei emocionado", diz o ator de 29 anos, que em sua estreia no papel de "padre" ganhou ajuda de custo para chegar de ônibus ao sítio do casório e o terno que usou na cerimônia. Informal, familiar e em conta. Assim é a fórmula anti-sermão que tem levado muitos noivos a preferir celebrantes anticonvencionais, segundo Roberto Eid, presidente da Associação dos Profissionais, Serviços para Casamentos e Eventos Sociais.A cerimônia da professora de Filosofia Magda Lúcia de Macedo, de 34, em maio do ano passado, foi celebrada pelo melhor amigo do noivo. "A gente tava conversando sobre preparativos num bar e eu disse que queria algo rápido e divertido. Esse amigo do meu marido, que é engraçadíssimo, sugeriu de brincadeira que nós o chamássemos. Achei a ideia ótima." Crício Duarte, de 37, o amigo, falou de futebol (do Corinthians, time do noivo, e do Palmeiras, o dele), riu da própria "encheção de linguiça" e contou aos convidados que quando topou celebrar estava "bebum". "Fiz tudo de improviso, fiquei à vontade", conta. Magda considerou a cerimônia "um sucesso".A empresária Virgínia Planet, de 32, convocou o próprio irmão e os do noivo para celebrarem. Os quatro dividiram o altar improvisado em uma pousada em São Bento do Sapucaí, a 210 km de São Paulo. "Quem melhor do que alguém que nos conhece desde a infância para falar algo que tem a ver com a gente?" Seu irmão, Jorge, de 35, fez o introito, e os do noivo deram prosseguimento. "Na hora dos votos, não queria dizer algo do tipo "ser fiel ao marido, amá-lo, respeitá-lo"", conta Jorge, que, para dinamizar, pediu que convidados da primeira fila lessem trechos do texto. Clientela. A vantagem de ser celebrante informal é que a própria performance favorece a captação de clientes. A contadora de histórias Ana Luiza Lacombe, de 47 anos, que desde 2006 já fez 15 cerimônias, conta que na primeira substituiu colega ator que não podia ir. Apesar do currículo relativamente extenso, ela fala com reservas da experiência. "Foi legal, gostei de ter feito, mas não quero me tornar celebrante profissional", diz Analu, que cobra de R$ 2 mil a R$ 3 mil e dá "bom espaço de tempo" entre um casamento e outro. Já usou como base histórias indianas, japonesas, tibetanas, sulfis. Analu diz que seu receio em virar celebrante é se ver imortalizada em álbum. "Já imaginou? Daqui a 50 anos os netos do casal abrem o álbum de casamento dos pais e lá estou eu!"

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