Enquanto o único bar genuinamente carioca de São Paulo - a Cervejaria Devassa - serviu o último chope nos Jardins no sábado passado, o paulistano Astor abre hoje suas portas no Rio. A filial da casa que nasceu na Vila Madalena chega à zona sul carioca com homenagem a botequins e restaurantes tradicionais.
Fotos penduradas nas paredes reproduzem a atmosfera de lugares como Bar Luiz, Villarino, Lamas, Bar Lagoa, Nova Capela e Cervantes. "São locais que gostamos de frequentar e nos inspiram. Nada mais justo do que dar o crédito", diz Edgard Bueno, um dos sócios. Segundo ele, os bares do Rio retratados "dão alma" ao novo Astor.
"Sou paulista, mas fui criado no Rio. A boemia carioca é velha conhecida", diz o fotógrafo Daniel Pinheiro, autor do ensaio. O bar preferido dele na cidade é o Villarino, fundado por espanhóis em 1953, no centro. Lá, Tom Jobim foi apresentado a Vinícius de Moraes. "É um clássico." Há outro ensaio nas paredes sobre a noite carioca, com prostitutas na orla de Copacabana, e imagens do Rio Antigo.
O Astor chega à cidade 12 anos após a inauguração do Pirajá em Pinheiros, dos mesmos donos, definido como "o primeiro bar carioca de São Paulo". Será o maior da rede, com 200 lugares. Fica na Avenida Vieira Souto 110, no lugar que abrigou por quatro décadas o Restaurante Barril 1800. Para o cartunista Jaguar, a abertura do Astor é "um motivo para beber mais".
O sócio não vê diferenças entre públicos de São Paulo e Rio. "O padrão de exigência é o mesmo. É bobagem isso que carioca quer catchup na pizza." O grupo já tem duas filiais da Pizzaria Bráz na cidade. Abertas em 2006 e 2009, elas acompanham a leva de restaurantes paulistanos exportada na última década para o Rio, como Carlota (2001), Gero (2002), Forneria (2006), Ráscal (2006) e Galeto''s (2009).
Nakombi e America também foram, mas morreram na praia. Já na antiga Devassa paulistana, funcionários informam a quem telefona que a choperia deve reabrir em outro endereço nos próximos meses. Mas não dizem qual. / COLABOROU VALÉRIA FRANÇA
QUEM FOI PARA O RIO
Gero
Inaugurado em 2002, tem como base as receitas da cozinha clássica italiana. Seu interior foi projetado pelo mesmo arquiteto da matriz em São Paulo
Pizzaria Bráz
Já são duas unidades no Rio de Janeiro: a primeira, no Jardim Botânico, e a mais recente, inaugurada no ano passado, na Barra da Tijuca
Forneria
Na cidade desde 2006, a filial carioca da Forneria San Paolo recebeu o nome de São Sebastião e tem como carro-chefe o clássico Panini
Carlota
Aberto em 2001 no Leblon pela chef Carla Pernambuco ao lado de Carolina Brandão, tem um menu mais enxuto que a unidade de São Paulo.