Associação de blocos tradicionais do Rio apoia restrições

Crescimento do carnaval de rua fez crescer nº de queixas; anteontem, prefeito carioca disse que carnaval está 'no limite'

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Por Glauber Gonçalves e Alessandra Saraiva
Atualização:

A presidente da Associação Independente dos Blocos da Zona Sul, Santa Teresa e Centro do Rio (Sebastiana), Rita Fernandes, apoia o veto aos blocos comerciais na zona sul do Rio, anunciado pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB. Para ela, não há mais espaço para outras agremiações carnavalescas desfilarem pelas ruas da cidade e a disseminação no Rio de grupos semelhantes aos do carnaval baiano transformaram a festa em objeto de lucrativo comércio. "Acho que está no limite mesmo. O prefeito vai ter de criar algumas regras se tivermos um número maior de blocos com um intuito comercial, de vender abadá e ganhar dinheiro. Esse tipo de coisa é da Bahia, não daqui."Rita ressaltou, no entanto, que as restrições não podem afetar os blocos tradicionais. "Se houver essa diferenciação, eu concordo. Que essas normas não impactem os blocos tradicionais do Rio."Além de alarmar autoridades, a dimensão que o carnaval de rua do Rio ganhou nos últimos anos levou a uma escalada de reclamações de moradores. Uma das principais queixas é a de pessoas urinando nas ruas. Até ontem, 622 haviam sido presas por usar ruas da cidade como mictório. Outro problema crescente dos blocos do Rio é a superlotação. Muita gente se assusta com a quantidade de foliões e teme incidentes. Foi o caso da enfermeira Mariana dos Santos, 31 anos, que foi conferir a estreia do bloco Sargento Pimenta e Corações Solitários em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, na segunda-feira. A ideia do bloco - tocar músicas dos Beatles em ritmo de samba - levou milhares de foliões ao pequeno cruzamento da Visconde de Caravelas com a Capitão Salomão. "Adoro Beatles, mas não sabia que ia encher tanto", comentou. "O problema é que fica tão cheio que não dá para ouvir a música", reclamou o administrador de empresas Claudio Fonseca, de 27 anos.Outros foliões de segunda-feira recorreram a blocos menores, como a Banda Atlântica, que desfila em Copacabana, zona sul do Rio. "Acho mais tranquilo ficar aqui, é perto de casa", disse a dona de casa Maria Evangelina Cardoso, de 42 anos. Lotação. Mas os blocos ainda atraem multidões. Ontem, a Banda de Ipanema desfilou com 100 mil pessoas pelas ruas do bairro. O número é da Polícia Militar. O bloco Quizomba arrastou milhares de foliões no entorno dos Arcos da Lapa, no centro do Rio. Já o Bloco das Carmelitas, tradicional cordão carnavalesco das ruas de Santa Teresa, na zona sul do Rio, levou em torno de 10 mil pessoas pelo bairro, de acordo com estimativas da PM.

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