O arquiteto Sebastião Ankerkrone, de 74 anos, já projetou prédios por toda a cidade e agora vai deixar sua marca em Paraisópolis. De uns tempos para cá, tem notado o interesse de grandes construtoras pela favela. Ele já recebeu duas encomendas da RD Construções e projetou o primeiro empreendimento para a favela: um prédio comercial. São 34 escritórios de 63 metros quadrados, com 42 vagas na garagem, dois elevadores e 12 andares, que devem ser vendidos por R$ 160 mil. Outro terreno de 1,5 mil m² já foi comprado pela construtora e um novo prédio deve ser construído no local. "Vai haver uma renovação urbana em Paraisópolis. Diversas construtoras estão procurando terrenos por aqui", diz Ankerkrone.Paraisópolis vive uma pequena revolução urbanística. Pelo menos 3 mil unidades de novos apartamentos estão sendo feitas. Além disso, o monotrilho ligando o bairro a Congonhas vai passar pela favela e o interesse pela área será ainda maior.Negócios. Para aqueles que ficaram, a valorização dos imóveis foi grande. Aproveitando-se das regras urbanísticas flexíveis das favelas, moradores verticalizaram as casas. A comerciante Gilda de Oliveira tem hoje uma casa com 12 cômodos e quatro andares. No térreo, ela montou uma venda e uma lanchonete. E abandonou o trabalho de doméstica. Seu imóvel vale R$ 300 mil. "Mas, se alguém oferecer esse valor, acho que não vendo", diz.Na frente de sua casa, o mestre de obras Manuel de Carvalho levanta um complexo de casas de cinco andares, onde pretende morar, alugar e abrir comércio. Está avaliado em R$ 500 mil. Uma dessas salas ele já conseguiu vender por R$ 35 mil. "Ainda acho que foi barato. Vendi muito rápido", diz. / B.P.M.