'Aqui no albergue a maioria é trabalhadora'

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Por Redação
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"Eu já sabia que ia acontecer esse preconceito. É igual ao caso do metrô de Higienópolis", diz o eletricista Luís Carvalho, de 40 anos. Ele acabou de fazer um curso técnico de três meses, gratuito e com passagem de ônibus paga pela Prefeitura, e diz que foi contratado para trabalhar nas obras do estádio do Corinthians em Itaquera. Mas ainda não tem recursos para pagar o próprio aluguel e vive há quase seis meses no Albergue Cor.Ele explica como funciona o albergue. "São 70 vagas para moradores registrados, que podem ficar aqui até seis meses - ou, em alguns casos, um pouco mais. Temos de chegar até as 20h30 da noite e sair do prédio às 6h. Mas eles dão almoço, jantar, é tudo limpinho e organizado." Há dez outras vagas para pernoite, abertas para os primeiros moradores de rua que se apresentarem. "Quando está frio, costuma dar uma fila gigante."De seu lado, o publicitário Ricardo Donizetti dos Santos, morador do albergue há dois meses, reclama do que ele chama de "apartheid social". "As pessoas tomam a parte como o todo. Se veem um morador de rua fumando crack e roubando, acham que todos são assim. Mas aqui no albergue a maioria é trabalhadora. E tem gente até com diploma universitário, como eu."O eletricista Luís concorda. "Ninguém quer pobre do lado de fora de casa. Mesmo sem nem conhecer que tipo de gente mora nesse albergue." / D.Z. e R.B.

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