Após o questionamentos da reportagem do Estado sobre a contratação de empresas de professores por parte da Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (Fusp), a reitoria da USP informou que o diretor da fundação, José Roberto Cardoso, solicitou afastamento da função. A reitoria não informou se o pedido é definitivo.
O cargo de direção na fundação não é remunerado - a não ser por coordenação de projetos - e quem faz a indicação é o próprio reitor. A reportagem solicitou entrevista com o reitor, Marco Antonio Zago, mas o pedido não foi atendido.
O reitor preside o conselho curador da Fusp e é responsável “pela aprovação e acompanhamento das atividades”, segundo a fundação. Seu principal objetivo seria “flexibilizar, acelerar e contribuir para a eficiência das atividades da Universidade de São Paulo”.
Cardoso foi diretor da Poli-USP entre 2010 e 2014. Candidatou-se à reitoria no último pleito, mas, no meio da eleição, declarou apoio ao atual dirigente.
Ex. Todos os projetos e contratos firmados entre a fundação e a Petrobrás analisados foram firmados na gestão do ex-diretor da Fusp Antonio Massola, atual diretor da Escola de Engenharia da USP, em Lorena.
Massola permaneceu na direção da fundação de 1992, ano em que se criou o órgão, até 2014, quando Cardoso o substituiu. Segundo ele, “na grande maioria dos casos” a contratação teve um procedimento licitatório prévio, seguindo as regras de compras da Fusp.
“(A Fundação) precisará contar com a participação de profissionais da universidade, professores e/ou pesquisadores (na contratação de apoios técnicos), como também com empresas sugeridas pela coordenação do projeto e que tenham e demonstrem a necessária competência técnica no assunto a ser trabalhado”, informou por e-mail, defendendo que não há conflitos de interesse. “Sempre tive a autorização do Conselho Curador, credenciamento sempre válido e emitido pela Cert (Comissão Especial de Regimes de Trabalho da USP, que flexibiliza regimes de dedicação exclusiva dos professores) e só recebi valores na forma de pessoa física.”
A Fusp tem mais de 2,7 mil projetos financiados por empresas privadas e órgãos públicos. A fundação cobra taxa de administração de até 10% sobre o valor total do projeto. Entre 2007 e 2013, recebeu R$ 740 milhões em projetos. A reitoria não informou quanto foi recolhido pela USP.