Bombas do volume morto naufragam no Cantareira após chuvas

Sabesp chegou a abrir licitação neste mês para contratar empresa para resgatar dois equipamentos que afundaram em represa

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Por Fabio Leite
Atualização:

SÃO PAULO - Duas bombas usadas para captar o volume morto do Sistema Cantareira naufragaram na Represa Jaguari-Jacareí, em Joanópolis, no interior paulista, após uma sequência de chuvas na região que ajudou a elevar o nível do manancial. O incidente ocorreu no fim de janeiro, quase um mês após o sistema deixar de operar na reserva profunda.

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), responsável pela compra dos equipamentos e pela operação do Cantareira, chegou a abrir uma licitação no início deste mês para contratar uma empresa especializada para fazer o resgate das bombas, que custaram cerca de R$ 365 mil cada.

Bombas foram instaladas em 2014 na Represa Jaguari-Jacareí para captação do volume morto Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO

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O pregão acabou sendo cancelado depois que funcionários da própria companhia conseguiram retirar as bombas do fundo da represa, a maior do sistema, e de onde foram extraídas a maior parte das duas cotas do volume morto entre 2014 e 2015. Segundo a Sabesp, os equipamentos não foram danificados e não houve prejuízo financeiro. 

Após a estiagem extrema observada em 2014 e no início de 2015, o Cantareira voltou a receber um volume de água próximo da média histórica no fim do ano passado. Em janeiro, durante somente dois dias, o sistema recebeu 18% mais água do quem em todo o mês de janeiro de 2015, o mais seco em 85 anos de registros. 

As bombas foram instaladas em 2014, primeiro ano da crise hídrica, para evitar o colapso no abastecimento de água da Grande São Paulo, onde 8,8 milhões de pessoas dependiam do Cantareira antes da seca. Cada uma consegue bombear até 2 mil litros por segundo de água armazenada abaixo do nível mínimo dos túneis de captação, o nível zero do sistema.

Os equipamentos foram ligadas pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) no dia 15 de maio daquele ano na Represa Jaguari-Jacareí e só foram desligados em 30 de dezembro de 2015, quando o Canatreira recuperou completamente as reservas e voltou a operar acima de zero.

Ao todo, mais de 30 bombas foram compradas para explorar os 287,5 bilhões de litros das duas cotas do volume morto durante um ano e meio, a um custo superior a R$ 120 milhões. Segundo a Sabesp, esses equipamentos podem ser remanejados para outras operações, como na transposição da Represa Billings para o Sistema Alto Tietê, ou voltar a operar no Cantareira caso seja necessário usar a reserva profunda novamente.

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Captação do volume morto do Cantareira durou 19 meses e terminou em dezembro de 2015 Foto: WERTHER SANTANA / ESTADÃO
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