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Após caos na Copa do Mundo, Vila Madalena quer organizar carnaval

Moradores temem que bairro volte a lotar durante a folia; nesta quinta-feira, 10, bares ainda estampavam marcas de vandalismo

Por Diego Zanchetta
Atualização:

SÃO PAULO - Moradores da Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, vão pedir ao Ministério Público Estadual (MPE), por meio de um abaixo-assinado em circulação na internet desde esta quinta-feira, 10, mudanças no carnaval de rua do bairro a partir de 2015. Traumatizados com o caos das últimas quatro semanas de Copa, quando mais de 50 mil pessoas tomavam as vias em dias de jogos da seleção, eles pedem que a dispersão dos blocos não seja mais na região dos bares e baladas. A petição da Sociedade Amigos da Vila Madalena começou a circular na internet pela manhã e já tinha mais de 300 assinaturas de apoio por volta das 19 horas. São necessárias pelo menos 2 mil para a representação ser levada ao MPE.

A fotógrafa Poline Lis, de 36 anos, considera que houve exageros na Copa, mas é contra impor qualquer regra para controlar o carnaval Foto: Evelson de Freitas/Estadão

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"Ninguém quer acabar com o carnaval de rua. Só queremos que sejam liberados aqui apenas os blocos dos bairros", argumenta Cássio Calazans, presidente da Sociedade. "Estamos pedindo que a dispersão dos blocos neste ano seja feita no Largo da Batata (em Pinheiros). Corremos o risco de, em 2015, o carnaval ser ainda mais lotado, até pela cultura que se formou agora na Copa", afirma.

A medida tem apoio da maior parte de moradores e comerciantes que moram ou têm estabelecimentos nas 11 ruas do bairro que foram bloqueadas para o trânsito durante o Mundial.

Eles relatam ter sido vítima de vandalismo e, principalmente, reclamam que seus portões viraram banheiros a céu aberto. "Nunca impliquei com nada aqui na noite. Mas, dessa vez, passaram dos limites. Por mais que a Prefeitura lave as calçadas, o cheiro da urina não sai. A entrada da nossa loja virou banheiro, mesmo com vários banheiros químicos aqui do lado", reclama Elaine Alves, de 24 anos, da Bee Chocolateria.

A loja permaneceu fechada nos dias de jogos do Brasil, assim como outros estabelecimentos do bairro - a estimativa é que o comércio, em geral, teve queda de 40% nas vendas.

Ressaca

. Nesta quinta-feira, comerciantes da Vila usaram tanto cloro e até querosene para lavar as calçadas que o cheiro à tarde era insuportável em vias como a Fidalga e a Wisard. E as marcas de vandalismo estavam por todo lado. O pintor Vagner Saraiva, de 34 anos, trabalhava no bar Quitandinha, na Fidalga. "Foi feio o negócio por aqui. Era muita gente, não dá pra ter controle, por mais polícia que tenha."

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"Eu acho que houve exageros durante a Copa, mas sou contra impor qualquer regra para controlar o carnaval. Não teve um público específico que fez a bagunça. Não houve culpados", discorda a fotógrafa Poline Lis, de 36 anos. "Daqui a pouco, vão achar motivo para cobrar para entrar no bairro."

Procurada para comentar as mudanças solicitadas para o carnaval, a Secretaria Municipal de Cultura informou que as medidas estão em fase de elaboração, "o que leva em conta o percurso tradicional dos blocos, a presença significativa de turistas e foliões e a dinâmica dos bairros e seus moradores".

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