Após 1 ano, Rio vai reconstruir museus

BNDES dá R$ 6,2 milhões para o Açude e a Chácara do Céu, afetados pela chuva

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Por Felipe Werneck
Atualização:

Quase um ano após a chuva que arrasou vários pontos do Rio em abril de 2010, a obra da artista Iole de Freitas continua soterrada na piscina do Museu do Açude, no Alto da Boa Vista, zona norte. A boa notícia é que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinou contrato de apoio financeiro (não reembolsável) no valor de R$ 6,2 milhões para recuperar o que foi destruído no Açude e na Chácara do Céu, em Santa Teresa, zona sul. O segundo museu também receberá um prédio anexo para abrigar a reserva técnica do acervo de Raymundo Ottoni de Castro Maya (1894-1968), entre outras melhorias."É tudo muito difícil e complicado de acontecer, mas depois que acontece é uma maravilha", diz a diretora dos Museus Castro Maya, Vera de Alencar. "Tem uma frase da (escritora) Nélida Piñon que eu adotei: "Num País em que você é estimulado a desistir todos os dias, tudo o que se consegue realizar tem um valor maior"." No Museu do Açude, o projeto prevê a recuperação de um prédio interditado que abrigava a recepção, a administração e uma parte das exposições (a galeria Louça do Porto, além de fotografias e objetos de Castro Maya). A estrada interna que levava ao estacionamento foi destruída pela enxurrada. Será reconstruída, com as obras de contenção e reparo de encostas. A casa principal não foi afetada, mas muitas obras de arte precisaram ser levadas para lá, o que impediu seu funcionamento. O local abriga a coleção de arte oriental reunida por Castro Maya, objetos do mobiliário luso-brasileiro e parte da coleção de azulejaria portuguesa.A obra Dora Maar na Piscina, de Iole de Freitas, estava exposta desde 1999, quando foi criado o Espaço de Instalações Permanentes. Há outras dez obras espalhadas nos jardins do museu, de artistas como Hélio Oiticica, Lygia Pape e Nuno Ramos, entre outros, que não foram afetadas e podem ser visitadas normalmente. O museu ocupa área de 151 mil m² na Floresta da Tijuca e recebia em média 2 mil pessoas por mês antes da destruição."Tem gente visitando a parte externa, mas o pessoal quer ver mesmo a casa. A gente não tinha mais o que dizer para os visitantes", diz o funcionário Antônio Carlos dos Santos.Segundo Vera, as obras no Açude e na Chácara do Céu - onde parte do muro desabou - vão custar R$ 2 milhões (R$ 150 mil para a obra de Iole). Os outros R$ 4,2 milhões serão aplicados na construção do anexo da Chácara do Céu, que vai guardar obras dos dois museus. Ela espera começar as obras no segundo semestre e terminar até o fim do ano. O anexo tem projeto do arquiteto Ernani Freire. Hoje, o museu funciona sem reserva técnica e até banheiros da antiga residência de Santa Teresa foram adaptados para guardar obras. Também estão previstos no novo anexo cafeteria, bistrô, auditório, área administrativa e elevador em plano inclinado. Originalmente propriedades do empresário e colecionador Castro Maya, os museus são tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).PARA LEMBRAREm quatro anos, dois eventos abalaram o Museu da Chácara do Céu. Em fevereiro de 2006, três homens armados até com granadas roubaram várias obras com preço inestimável. Os bandidos levaram A Dança, de Pablo Picasso, O Jardim de Luxemburgo, de Henri Matisse, Dois Balcões, de Salvador Dalí, e Marinha, de Claude Monet, além de uma gravura de Picasso. No começo de 2010, as fortes chuvas em todo o Estado do Rio afetaram o museu, no bairro de Santa Teresa. A construção, de 1954, ficou dias sem eletricidade, teve um muro derrubado e ficou com acesso dificultado por causa de deslizamentos na Rua Murtinho Nobre.ReaberturaO Palácio do Horto, residência oficial de verão do governador de São Paulo, na zona norte da capital, será reaberto domingo após três meses de reforma, com mostra sobre cerâmica artística.

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