Após 1 ano de rodízio, morador de Itu volta a lavar calçada

Altas temperaturas contribuem para consumo elevado; tambores antes usados para reter água viram lembrete de dias mais difíceis

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

ITU - Durante dez meses, em 2014, a dona de casa Sueli Borges, de 58 anos, moradora de Itu, interior de São Paulo, repetiu a rotina de enfileirar tambores plásticos na calçada para que fossem enchidos com água pelo caminhão-tanque. A crise hídrica mergulhou a cidade em um racionamento drástico e no bairro dela, o Cidade Nova, as torneiras só viam água uma vez por mês. Para lavar roupa, cozinhar e tomar banho, ela recorria à água vendida por uma empresa. Ao longo do período, a família de cinco pessoas teve um gasto extra de R$ 3 mil.

Na quarta-feira, 5, Sueli foi flagrada pela reportagem lavando a calçada de casa. Sem jeito, explicou que limpava a sujeira de pássaros, que já causava mau cheiro. Segundo ela, desde o início do ano o abastecimento está normal no bairro. Mesmo assim, não se livrou dos quatro tambores, dois galões e outros recipientes usados para armazenar até mil litros de água no racionamento. "Nunca se sabe quando vai faltar de novo."

Sueli Borges, de 58 anos, foi flagrada pela reportagem lavando acalçada Foto: Miguel Pessoa

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O desperdício se reflete no consumo, que está elevado, em razão das altas temperaturas. A concessionária Águas de Itu já pediu à população que evite o uso excessivo para não agravar a escassez comum nesse período. Uma campanha contra o desperdício é veiculada nas rádios locais. "Itu é um município com bacias insuficientes para atender à demanda e o momento é de atenção", informou em nota. A empresa trabalha com a previsão de que o período chuvoso só se inicie na segunda quinzena de setembro, mas ainda não fala em racionamento.

Banho conjunto. Os tambores vazios também permanecem à frente da casa de Valéria Moraes, de 17 anos, que cuida dos sobrinhos Luis, Gabriele, Isabele, Emanuele e Israel, com idades entre 2 e 10 anos, enquanto os pais deles trabalham. Mas a família aprendeu a viver com pouca água. “Agora, os pequenos tomam banho juntos.”

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