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Após 1 ano, APL volta à sede no Arouche

Primeira etapa da reforma, orçada em R$ 3,3 milhões, está pronta

Por Edison Veiga
Atualização:

ENCONTRO -

Pela primeira vez em um ano, integrantes da Academia Paulista de Letras se reúnem em salão da sede, no Largo do Arouche

Funcionária da Academia Paulista de Letras (APL) há quatro décadas, a secretária Isabel Miraglia Moreira, de 83 anos, era só sorrisos na tarde de anteontem. Após um ano, a reunião semanal dos voltaria a acontecer na sede da entidade, no Largo do Arouche, centro paulistano. "Não aguentava mais isso aqui vazio", desabafou. "Passei o ano passado todo muito triste."

Tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado (Condephaat) desde maio de 2009, o edifício - projetado pelo arquiteto francês Jacques Pilon e construído entre 1948 e 1954, inaugurado no ano seguinte - precisava de uma reforma desde janeiro de 2007, quando o teto do auditório nobre caiu.

Em 2009, graças a um convênio de R$ 3,3 milhões com a Secretaria de Estado da Cultura, as obras puderam ser feitas. Por um ano, os acadêmicos reuniram-se em locais alternativos - como o Centro de Treinamento do São Paulo Futebol Clube, o teatro do Centro de Integração Empresa-Escola e a sede da Rede Globo. Os encontros acontecem às quintas-feiras.

Um ano depois, só agora os encontros voltam a acontecer no prédio. "É uma alegria estar novamente nesta casa linda, reformada", disse a escritora Lygia Fagundes Telles, engrossando o coro dos que, em meio à sessão, elogiavam a reabertura da sede. "Sou como uma ave que volta ao antigo ninho."

"No prédio reformado, espero que a Academia reencontre o seu verdadeiro perfil, no sentido de ser intérprete do tempo e antecipadora do futuro", afirmou o poeta Mário Chamie. "Que o uso que se venha a fazer desta casa sempre consagre, antes de tudo, a produção cultural. Que não deve ser confundida com meros entretenimentos passageiros", disse.

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Se depender da vontade do presidente da APL, José Renato Nalini, as mudanças físicas no prédio não devem parar. Anteontem mesmo ele assinou outro acordo com a Secretaria da Cultura, pelo qual a instituição receberá R$ 1,2 milhão, que devem ser utilizados para a compra de poltronas para o auditório e a instalação de novos elevadores. A previsão é que essas melhorias sejam providenciadas ainda neste semestre. "A Academia é como uma igreja", brincou. "Nossas obras não terminam mais: terminamos uma e já pensamos na seguinte."

Nalini já tem em mente as próximas duas etapas de modernização do edifício. Tudo para que a sede da APL esteja preparada para receber eventos externos. "Com a locação do espaço, podemos ter uma boa fonte de renda", admitiu. Atualmente, a única receita da APL vem do aluguel dos outros andares do prédio, utilizados pela Secretaria de Estado da Educação, que paga R$ 53 mil mensais.

O plano do presidente é modernizar o recém-reformado auditório, com a instalação de computadores que serão utilizados pelo público frequentador para pesquisar, entre outras coisas, a história dos escritores pertencentes à entidade - a área deve ser chamada de "Memorial Acadêmico".

Em seguida, Nalini prevê um prolongamento do "salão de chá", onde os acadêmicos se reúnem para um lanchinho antes da sessões. "Há uma laje no mesmo nível da sala. Queremos fazer um tratamento paisagístico do espaço, para que o mesmo seja utilizado para coquetéis e lançamentos de livros, por exemplo", explicou. Para tanto, o espaço precisa passar por um processo de impermeabilização. O projeto vislumbra ainda que parte dessa laje receba cobertura de vidro.

Para viabilizar essas intervenções, o presidente pretende não bater novamente à porta da Secretaria da Cultura. "Vamos tentar conseguir patrocínios da iniciativa privada", garantiu. "Afinal, estou até constrangido de ficar pedindo isso para o governo", diz Nalini.

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