Aplicativos já ajudam a prever lentidão do trânsito

Serviços gratuitos calculam o tamanho do congestionamento com meses de antecedência e indicam rotas para fugir de acidentes

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Por Bruno Ribeiro e Juliana Deodoro
Atualização:

Uma rede tecnológica que inclui celulares, GPS, satélites e até programas de inteligência artificial tem ajudado paulistanos a fugir do caos dos congestionamentos da metrópole. Serviços gratuitos indicam rotas para desviar até de acidentes que acabaram de acontecer e ajudam a prever, com meses de antecedência, qual será o tamanho da lentidão em São Paulo.Os aplicativos são um contraponto ao monitoramento estático da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). A medição da empresa municipal é feita na base do "olhômetro". Seus agentes observam 176 das cerca de 15 mil vias da cidade e informam apenas a situação desses principais pontos. O método é o mesmo há mais de 20 anos.Só neste mês, dois serviços foram anunciados para aplicativos de celular e GPS de automóveis. Um deles é uma ferramenta que pode, segundo a empresa Maplink, calcular o tamanho da lentidão futura. Dá para escolher uma data, como um aniversário em família, e programar o melhor horário para sair do trabalho para chegar a tempo ao compromisso agendado. "Usamos um algoritmo com banco de dados com índices de lentidão para aquele dia da semana e previsões meteorológicas. Então, estimamos qual será o congestionamento", explica o diretor da empresa, Frederico Hohagen. A ferramenta surgiu de uma parceria com uma empresa que opera em 25 Estados americanos e estará disponível no mês que vem na cidade. Outra ferramenta, mais útil para quem já está preso no trânsito, diz se a rota programada pelo motorista registrou algum problema - como um caminhão quebrado à frente. O aplicativo sugere rota alternativa ao motorista. "Os incidentes são coletados por pessoas que vão reportando essas ocorrências de noticiários, tuitadas e outras fontes, e abastecem nossa rede", afirma Helder Azevedo, da Navteq, empresa ligada à Nokia. O serviço só está disponível em carros já fabricados com GPS conectado. Mas, ainda neste ano, estará na internet (no Nokia Maps) e celulares.Parâmetros. A contagem da CET, no entanto, tem a seu favor a média histórica. Ao ouvir o índice de lentidão no rádio, por exemplo, o motorista tem uma referência comparativa, diferentemente do que ocorre nos serviços prestados pelas empresas de tecnologia da informação, que atuam no ramo há menos tempo. Segundo a CET, o acréscimo de veículos à frota de São Paulo fez ampliar o número de vias monitoradas: até 2005, o total era de 550 quilômetros e, de lá para cá, cresceu para 868 km. O serviço da CET não foi concebido para dar informações online aos motoristas - até porque, quando surgiu, a internet comercial não existia no Brasil. A companhia informou, em nota, que os dados são usados para o planejamento viário da cidade. Eles servem também para alterar o ciclo dos semáforos, para dar mais fluidez ao trânsito. "Quando não é possível fazer essa mudança de forma remota, a CET aciona o seu efetivo presente nas ruas para que os impactos que ocorrem no viário sejam resolvidos o mais rápido possível", acrescentou a nota. Custos. A oferta desses serviços sem custos para o motorista é possível, segundo as empresas, porque o faturamento vem de outras fontes: contratos com empresas do ramo de logística e também de canais de notícia. "Para nós, quando vamos negociar, é interessante que a empresa já nos conheça por causa do nosso site", diz Hohagen, da Maplink. "Nosso serviço não tem como ser comparado ao da CET. Temos 800 mil veículos que nos repassam informações sobre o trânsito, que são processadas e permitem o monitoramento de um número maior de vias", diz.O resultado dessa rede de informações é a diferença nos números sobre o total de congestionamento na cidade. Na tarde de ontem, a CET registrou 78 km de filas na capital às 18 horas. No mesmo horário, a Maplink contava 376 km.

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