Apesar de multa, SP só recebe 5% de combustível e falta já é generalizada

PUBLICIDADE

Por Artur Rodrigues , Bruno Ribeiro e Nataly Costa
Atualização:

Nem a multa de R$ 1 milhão por dia imposta pela Justiça aos caminhoneiros que impedem o abastecimento da Região Metropolitana nem o uso da Polícia Militar para escoltar caminhões-tanque conseguiram normalizar a distribuição de combustível em São Paulo ontem. O sindicato que representa os donos de postos estima que a escassez atinja quase 100% dos estabelecimentos - 2 mil postos na Grande São Paulo.Mesmo que a paralisação acabasse ontem, a distribuição só estaria normalizada no começo da semana que vem, segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro-SP). A entidade classificou o cenário como "desesperador" e pediu que a Prefeitura suspenda as multas na Marginal do Tietê por pelo menos cinco dias, para agilizar o abastecimento. "Sem as restrições, conseguiríamos repor os estoques daqui quatro dias. Com elas, seria daqui uma semana, no mínimo", disse o presidente da entidade, José Alberto Paiva Gouveia.O prefeito Gilberto Kassab (PSD) reiterou ontem que não vai recuar. A medida da Prefeitura vale desde segunda e restringe a circulação de caminhões na Marginal do Tietê e em outras 25 vias das 5h às 9h e das 17h às 22h, durante a semana, e das 10h às 14h nos sábados, sob pena de multa de R$ 85,13.Segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom), a capital recebeu, nas últimas 24 horas, 2 milhões de litros de combustível. O consumo diário é de 40 milhões. O vice-presidente do sindicato, Alísio Vaz, reiterou à noite que indicou o fim da paralisação aos associados, mas ressaltou que a distribuição só será retomada com escolta - que a PM informou, ainda ontem, que vai fornecer. Ontem, caminhões que tentaram sair sem escolta tiveram de retornar.O Sindicato dos Transportadores Rodoviários de Bens Autônomos do Estado (Sindicam-SP), principal organizador do bloqueio, também utilizou o temor de ataques para justificar a manutenção da paralisação. Em nota, a entidade disse que "haverá a regularização do abastecimento dos postos somente se a PM garantir a segurança dos caminhoneiros". O presidente da entidade, Norival de Almeida Silva, diz que não tem como "obrigar caminhoneiros autônomos a trabalhar". Segundo especialistas, o sindicato é responsabilizado pelos atos da categoria.O Tribunal de Justiça não confirmava, até as 23h, se o Sindicam havia sido notificado, ação obrigatória para que seja autuado em R$ 1 milhão por dia de greve, conforme determinação judicial. O promotor Fabrício Tosta de Freitas, da Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social, vai acompanhar a paralisação, para investigar "prejuízos ao funcionamento da cidade".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.