Antigo Hospital Matarazzo vai ter cursos universitários e escritórios

Complexo foi vendido para a PUC-SP e para fundo de empresas; área nobre está semi-abandonada desde 1993

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Por Redação
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SÃO PAULO - O complexo de edifícios neoclássicos na região da Avenida Paulista onde até 1993 funcionou o Hospital Umberto Primo (também conhecido como Hospital Matarazzo), em área nobre da capital, está perto de voltar a viver. Praticamente abandonado há quase 17 anos, o conjunto foi negociado em segredo pela Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil), que o havia adquirido em 1996, com a Fundação São Paulo, mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e com um fundo de investimentos - ainda não há informação sobre a identidade das empresas de tal grupo.

 

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Juntos, universidade e fundo compraram a área, no quadrilátero das Ruas Itapeva, São Carlos do Pinhal, Pamplona e Alameda Rio Claro em uma negociação que durou pelo menos seis meses, depois da abertura de uma licitação pela Previ. Dessa licitação também participou um grupo empresarial francês, que pretendia construir um hotel no complexo. A proposta francesa acabou derrotada.

 

Fontes ligadas à transação informam que um terço da área abrigará um campus da PUC, onde serão desenvolvidas "atividades culturais" e, possivelmente, cursos universitários. O restante será explorado comercialmente pelo fundo, com a possibilidade de implementação de estabelecimentos comerciais e escritórios. Mas o tombamento dos prédios, em vigor desde 1986, será mantido, de acordo com as fontes. Portanto, não há risco de o conjunto de 1904 perder suas características arquitetônicas neoclássicas.

 

A PUC-SP convocou uma reunião, que inicialmente ocorreria no dia 27, e depois foi transferida para a próxima segunda feira, com as entidades de bairro, de ex-pacientes do hospital e ONGs interessadas na preservação e recuperação do espaço. Nessa reunião, a universidade promete divulgar seus projetos. Tanto a instituição educacional quanto o fundo estariam aguardando a assinatura do contrato antes de anunciar a posse dos imóveis. Não há dados sobre valores envolvidos na transação. Procurada, a Previ não deu informações sobre a venda.

 

Arquitetos, porém, já trabalham em projetos de redesenho para o conjunto. "O que fazemos questão é de que os prédios sejam preservados, como prevê a lei. Queremos a história preservada. E também exigiremos que pelo menos parte do complexo seja devolvido à comunidade como centro de saúde", diz Célia Marcondes, presidente da Sociedade de Amigos e Moradores do Bairro de Cerqueira César (Samorcc), uma das entidades convidadas para a reunião na universidade. "Levaremos essas reivindicações à PUC", adianta.

 

Patrimônio. O próprio tombamento foi um dos fatores que levaram à degradação do Hospital Matarazzo ao longo dos últimos anos. A legislação de patrimônio, ao mesmo tempo que obriga a preservação das características originais dos imóveis, não fala sobre a manutenção deles em condições de uso ou de ocupação.

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Quando adquiriu o conjunto, a Previ chegou a anunciar a derrubada dos prédios para a construção de torres comerciais de escritórios e tentou, na Justiça, uma ação de destombamento. Em 1999, no entanto, entidades de preservação patrimonial e sociedades de bairro conseguiram bloquear a ação da Previ.

 

Desde então, os prédios permaneceram em um estado de semi-abandono: a Previ optou por, segundo ela mesma divulgou, em setembro passado, a realizar apenas pequenas intervenções pontuais de reforma. Em 2003, o complexo chegou a sediar uma edição da feira de arquitetura CasaCor.

 

Atualmente, em vários pontos dos prédios, há fiação exposta, paredes descascadas, poços de elevadores sem proteção, forro caindo, infiltrações, poças d'água, ninhos de pombos, goteiras e umidade. A visitação não é permitida.

 

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