Antes do julgamento, réus montam história que acreditam ser real

PUBLICIDADE

Por É PSIQUIATRA FORENSE
Atualização:

O fato de Lindemberg pedir desculpa mostra um misto de arrependimento e passa uma imagem de dor que ele causou à família. Depois que "caiu a ficha", todos esses pensamentos passaram pela cabeça dele. Mas não vamos nos esquecer que é um réu em um júri. Os réus montam uma história entre a prisão e o julgamento, uma história que acreditam ser a real, até choram quando contam. É a realidade que eles gostariam que fosse. Primeiro, para melhorar a situação processual, e depois também para atenuar a própria culpa. Quando ele fala que era uma "brincadeira", é como se dissesse que aquela situação era "surreal". Deve ter um pouco de verdade nisso. Com imprensa e polícia, criou-se esse clima mesmo, que acaba levando para uma espécie de "brincadeira". Para mim, isso de fato aconteceu na perspectiva dele. Não é um bandido contumaz ou uma pessoa perversa. As circunstâncias o levaram a fazer o que fez. Quando diz que atirou para manter a polícia distante e que fez isso de forma impensada, é como se dissesse "não estou aqui para brincar". Foi a situação que ditou essa conduta. Ele fala que atirou sem pensar durante a invasão e isso é o que chamamos de "ação em curto-circuito". É um pouco automatizada, mas isso já devia ter passado pela mente dele, o "se eles invadirem, atiro". Ele estava em um beco sem saída.Guido Palomba

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.