Anchieta: trecho urbano vira foco de criminosos

Abandonada e cheia de pichações, via ainda tem lixo e entulho espalhados pela calçada; à noite, problema é a escuridão

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Por Marici Capitelli
Atualização:

JORNAL DA TARDE Degradado, pichado e sujo, o trecho urbano da Via Anchieta, no Sacomã, zona sul de São Paulo, tem atraído criminosos. Comerciantes, moradores, pedestres e motoristas são vítimas de assaltos, furtos e ameaças. No mês passado, houve um latrocínio.

 

A Polícia Militar admite a ocorrência de crimes na região e afirma que tem trabalhado para reduzir a violência. O Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) de São João Clímaco e Heliópolis, responsável pela região, já notificou o problema para todos os órgãos envolvidos e promete recorrer ao Ministério Público caso não haja solução.Um posto de gasolina e o prédio de um banco abandonados se tornaram pontos críticos nesse trecho. Cheios de lixo e entulho e com buracos nas paredes, servem de esconderijo para usuários de drogas e criminosos, que atiram pedras em quem se aproxima. Ao longo da via há dezenas de prédios vazios que pertenciam a empresas e lojas que se mudaram. Com exceção das agências bancárias e postos de gasolina, quase todos os estabelecimentos estão pichados. O lixo se acumula em pontos da calçada. À noite, o problema é a escuridão. Segundo o Conseg, comerciantes e moradores dizem que são vários os tipos de assaltos. "Os motoristas costumam ser atacados por motoqueiros. Temos relatos de que muitos usam capacete cor-de-rosa para passar a impressão de que são mulheres. As vítimas se descuidam", diz o presidente do Conseg, Luis Carlos da Silva.Com sete agências bancárias nesse trecho, também têm ocorrido saidinhas de banco, crime no qual clientes são assaltados logo após deixar a agência. No mês passado, um homem foi morto ao sair de um banco. Odair Oliveira Brás, balconista de uma lanchonete que já foi assaltada, conta que um ladrão entrou no local e foi direto em um cliente. "Colocou o revólver na barriga do rapaz e pegou R$ 500 que ele havia sacado do banco."Joseilton Teixeira Dias, de 56 anos, sócio da Panificadora e Confeitaria Nova Estoril, teve o estabelecimento arrombado e incendiado na madrugada de 11 de novembro. "Foi desesperador ver o estrago." O prejuízo foi de R$ 10 mil. Em um posto de gasolina, que fica aberto 24 horas, funcionários dizem que apenas em junho do ano passado foram assaltados 17 vezes. Só melhorou após a contratação de seguranças. No local é comum os frentistas socorrerem mulheres assaltadas no cruzamento com a Rua Riga. "Elas chegam apavoradas", diz uma frentista.Pedestres também passam apuros. Uma recepcionista afirmou que, além de ter sido assaltada, o bandido xingou-a porque o celular era velho. "Achei que iria me dar um tiro." Desde então, ela procura andar em grupo.O capitão Wagner Vila Real, da 1.ª Companhia do 46.º Batalhão, admite que a região tem problemas. Ele diz que, além do patrulhamento, todos os gerentes de banco o acionam quando suspeitam de pessoas no local. "Imediatamente, enviamos viaturas para lá." Comerciantes também têm recebido orientação, afirma.A Secretaria de Segurança Pública informou que, segundo o delegado Gilmar Pasquini Contrera, titular do 95.º DP (Heliópolis), não houve aumento nos registros de roubos na região.4 PERGUNTAS PARA...Neusa Nabas, DE 70 ANOS, DONA DE FARMÁCIA ASSALTADA OITO VEZES EM 3 MESES 1.Como são os assaltos?É sempre o mesmo sujeito, o Marcos. Ele chega, com jeito de que está armado, embora nunca tenha mostrado a arma.2.Ele assalta à noite?Não. Normalmente é de manhã. Quando vejo ele atravessando a rua, meu coração dispara.3.A senhora procurou a polícia? Passei a tarde toda na delegacia e a farmácia teve de ficar fechada. Não deu em nada.4.E como faz agora? Quando vejo ele vindo, aceno para os vizinhos comerciantes, que dão uma corrida nele.

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