Fundamentalmente, há duas formas de reduzir o consumo de água por meio de políticas públicas. Uma é o comando de controle, em que você racionaliza a distribuição, proibindo ou fechando o abastecimento para determinado setor da sociedade. Ou seja, medidas mais drásticas. E outro é usar o instrumento econômico, no qual aplica-se uma tarifação do serviço em função da quantidade de água consumida. A ideia é cobrar mais de quem consome mais.
Eu defendo esse tipo de mecanismo. Na prática, você aplica uma tarifa razoável para quem consome até 10 metros cúbicos por mês, por exemplo, e a partir dali o preço do metro cúbico vai triplicando exponencialmente, de maneira que ninguém vai conseguir gastar mais do que 10 ou 11 metros cúbicos, porque a conta fica impagável. Apenas desta forma, apertando no bolso, é que as pessoas vão se dar conta de que a água é um bem raro e escasso, que deve ser utilizado com muita parcimônia.
A ideia de adotar a lógica inversa da política de bônus, cobrando multa de 30% para quem aumentar o consumo acima de 20%, é razoável porque também incentiva a economia. Mas eu seria mais severo, cobraria o dobro do valor da tarifa. Só assim o governo vai dar sinal real da criticidade do Sistema Cantareira. Obviamente que essa medida não deve ser tomada de forma arbitrária, aleatória. É preciso estudo detalhado para avaliar a capacidade de pagamento das famílias e não aumentar o custo de produção da indústria ou comprometer o comércio. Em suma, é preciso haver equilíbrio financeiro.
Outro ponto fundamental é a divulgação disso, para que o cidadão não seja pego de surpresa, embora devesse saber da crise e reduzir o consumo por conta própria. De toda forma, esse tipo de mecanismo já deveria ter sido adotado há mais tempo, mas não cabe a um técnico comentar, porque se trata de uma decisão de natureza política.