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Análise: Pagamos caro por serviço de transporte ruim

'Caso os ônibus fossem mais organizados, menor seria o custo'

Por Sérgio Ejzenberg
Atualização:
Tarifa de ônibus custará R$ 3,80 Foto: GABRIELA BILÓ/ESTADÃO

Estamos enxugando gelo, financiando com bilhões dos cofres públicos um sistema de transporte que perde passageiros e não atende às vontades e necessidades da população por mais velocidade e menores intervalos nos pontos de ônibus e nos terminais. No período entre 2013 e 2015, os trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e do Metrô passaram a transportar um número maior de pessoas e, apesar de o governo do Estado também ter aumentado a tarifa para R$ 3,80, o buraco é menor porque o sistema metroferroviário acaba se financiando. 

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A Prefeitura não investe nos corredores de ônibus e tem a mão frouxa para pagar os subsídios. Estamos pagando caro por um serviço ruim. Caso os ônibus fossem mais organizados, menor seria o custo. A frota da cidade também diminui sob a alegação do poder público de que os novos veículos são maiores e oferecem um maior número de assentos. No entanto, com uma oferta menor de coletivos na capital, o passageiro fica mais tempo parado nos pontos: quanto menos veículos, maior o intervalo. 

Se os corredores de ônibus prometidos na eleição tivessem sido entregues, a Prefeitura estaria fazendo mais viagens, criando novas possibilidades de origem e destino, espalhando os ônibus pela capital com maior velocidade nas viagens. Os empresários ganham também por passageiro transportado, por catraca girada. Com mais viagens, a administração municipal iria ratear o custo do transporte público com o próprio setor privado. E o novo formato de concessão em nada vai mudar. São os mesmos contratantes e contratados. 

Hoje, o prefeito Fernando Haddad entrega corredores e melhorias em corredores já existentes, que tinham sido prometidos pela gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab. Desde que assumiu a Prefeitura, nenhuma das grandes intervenções, como os corredores do tipo BRT, começou a ser construída. 

SÉRGIO EJZENBERG É ENGENHEIRO E MESTRE EM TRANSPORTES PELA USP