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Análise: De João Paulo II a Francisco, combate à pedofilia foi reforçado

Por Francisco Borba
Atualização:

SÃO PAULO - A Igreja tomou consciência da pedofilia praticada por religiosos como uma questão pública e social, não só interna, no pontificado de João Paulo II. Não que o problema tenha começado com João Paulo II, mas antes a diretriz institucional era tentar recuperar o padre e proteger a vítima e sua privacidade. Entendia-se que o ideal era evitar um escândalo, que seria pior para a própria criança. O problema é que essa tendência se havia transformado em acobertamento de crimes, o que aumentava a gravidade da situação em vez de criar uma postura educativa que permitisse sua superação. Então, mudou-se a estratégia.

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Todos os três últimos três papas vêm fazendo um esforço para enfrentar a pedofilia na Igreja de forma cada vez mais eficaz. O marco significativo foi dado por Bento XVI quando, em 2010, escreveu uma carta pastoral em que reconheceu os erros da Igreja na condução dos casos de pedofilia, condenou o acobertamento dos casos e exortou os bispos a serem firmes na aplicação das normas do Direito Canônico. Na prática, já no pontificado de Bento XVI houve um enrijecimento no combate aos casos de pedofilia. 

Com Francisco, existe um esforço de continuar enfrentando o problema da pedofilia de frente e publicamente, além de criar instrumentos institucionais que, na prática, facilitem esse trabalho. Um deles é o decreto recente que prevê que bispos poderão ser destituídos de suas dioceses por negligência em casos de pedofilia.

A medida que essas novas normas forem sendo aplicadas, pode até acontecer que mais casos venham a se tornar públicos, pois os problemas do passado serão expostos. Mas isso não significará que a situação está piorando, pelo contrário. É sinal que estamos caminhando para superar o problema. Com o tempo, esperamos que casos de pedofilia venham a ser mais uma situação da história da Igreja e não da atualidade. /COORDENADOR DO NÚCLEO FÉ E CULTURA DA PUC-SP

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