Análise: Crime só muda com polícia aperfeiçoada

'A única forma de o Estado fazer alguma coisa a respeito é investigar e prender os autores do crime'

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Por Guaracy Mingardi
Atualização:
Um dos veículos incendiadosna zona leste da capital Foto: Werther Santana/Estadão

Não adianta pensar que a Polícia Militar vai conseguir impedir sozinha ataques como o que ocorreu nesta quarta-feira em Santo André. Perto do local, deve haver uma companhia da PM, com 30 ou 40 homens para cobrir toda a área, quantidade insuficiente para parar uma quadrilha desse tamanho. A única forma de o Estado fazer alguma coisa a respeito é investigar e prender os autores do crime. As pessoas envolvidas são criminosos profissionais, não vão parar de roubar. O trabalho policial pode forçá-los, no entanto, a mudar o nível de violência e o estilo do crime. 

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Nesses roubos, claro que há ligação com o PCC, que no mínimo fornece as armas. O mesmo modo de agir leva à certeza de que ou é o mesmo grupo que está por trás ou há um mesmo núcleo. A solução, então, passa pela retomada do controle das cadeias e pelo rastreio do dinheiro. Outro ponto é um forte trabalho de inteligência. É saber o que eles estão querendo fazer, antes de eles fazerem, indo além da prisão do “pé de chinelo” e encontrando os mentores.

A discussão de retirar as empresas da área urbana é um decreto de falência dos órgãos de segurança porque se afasta o tiroteio, mas na prática não se dificulta o roubo. O crime só muda diante do aperfeiçoamento da polícia. Os bandidos sempre saem na frente. 

GUARACY MINGARDI É ANALISTA CRIMINAL E MEMBRO DO FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA 

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