
20 de junho de 2013 | 02h04
A ampliação da agenda possibilitou incorporar diversos segmentos da sociedade e estabeleceu uma inovadora pressão sobre os três níveis de governo sem que partidos ou líderes políticos tradicionais estivessem no comando do processo.
A legitimidade das causas, a violência policial contra manifestantes e o cuidado dos líderes do movimento em se dissociar do vandalismo permitiram que São Paulo vivesse manifestações públicas com milhares de pessoas, inéditas desde as Diretas-Já e o impeachment de Fernando Collor.
Diante disso, os governos Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT), antes inflexíveis na posição de abrir negociação, acabaram voltando atrás e trouxeram o valor para o patamar anterior, de R$ 3.
Qual o resultado disso? Ganham a democracia e a negociação ao se fortalecer a visão de que os governos precisam ficar atentos aos pleitos dos diferentes segmentos sociais e sempre abrir canais de diálogo com os mesmos. Não é mais possível governar com base em planilhas de custo ou de um ou outro interesse mais específico.
O desafio que se coloca para frente é construir um canal de comunicação com os dois governos para que as conquistas não se resumam à redução de tarifas do transporte público. Discutir transparência nos contratos com as empresas de ônibus, qualidade do transporte público, mobilidade, danos ambientais e melhoria da qualidade de vida para que uma política democrática de transporte público venha se efetivar no médio prazo é o próximo desafio.
* MARCO ANTONIO CARVALHO TEIXEIRA É CIENTISTA POLÍTICO, PROFESSOR E VICE-COORDENADOR DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS (FGV-SP)
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