
01 de novembro de 2016 | 03h00
Está certo que a eleição em São Paulo está resolvida há quase um mês, mas a escolha da data para a promoção das ocupações ontem, um dia após o fim das disputas pelo País, não pode ser coincidência. Não é segredo que os movimentos que lutam por moradia têm uma relação mais próxima com a esquerda e mesmo com o PT, o grande derrotado anteontem. A condução dos sem-teto é política e a pressão faz parte da estratégia.
Até o prefeito Fernando Haddad, mais em sintonia com as demandas sociais, enfrentou dificuldades e recebeu recados até ceder aos movimentos durante o processo de aprovação do Plano Diretor (em 2014, dezenas de sem-teto ocuparam o prédio da Câmara Municipal para exigir a demarcação de terras para produção de moradia popular).
Durante o atual governo, os sem-teto chegaram a participar de outros movimentos, como os protestos contra a alta na tarifa de ônibus. E Haddad tentou resistir. Imagine quem é visto como antagonista, caso provável de Doria? A pressão dever ser mais dura a partir de agora. Basta saber se o prefeito eleito vai flertar com os movimentos, como faz o governador Geraldo Alckmin.
* É CIENTISTA POLÍTICO
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