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Amigo de menino morto levou tapa de policial

Garoto de 11 anos que testemunhou morte de colega ainda teria sido ameaçado; mãe de criança de 10 anos presta depoimento

Por Alexandre Hisayasu
Atualização:

SÃO PAULO - O menino de 11 anos que se envolveu em um furto de veículo que terminou com o amigo, de 10, morto pela Polícia Militar, afirmou em depoimento no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) que levou um tapa e foi ameaçado pelos PMs envolvidos no caso antes de chegar à delegacia. A mãe do garoto presta depoimento às 10 horas desta terça-feira, 7, na sede do DHPP, na região central.

O Estado teve acesso ao depoimento, o segundo, ocorrido na sexta-feira, dia 3, no DHPP. A mãe da criança e o advogado Ariel de Castro Alves, do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), acompanharam o menino. Ele afirmou que, junto com o amigo de 10 anos, foi perseguido pela PM após ambos furtarem um carro que estava na garagem de um condomínio, na Vila Andrade, zona sul. O amigo teria atirado três vezes durante a perseguição, mas acabou batendo em dois veículos antes parar, segundo o garoto. 

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Um PM que estava de moto caiu e, em seguida, se levantou e atirou contra o vidro do motorista e acertou a cabeça do menino de 10 anos, que dirigia. Neste momento, não houve tiroteio, segundo ele. 

Em seguida, os PMs mandaram o garoto de 11 anos sair pela porta da frente. Ele passou por cima do corpo do amigo e saiu. Na rua, foi dominado pelo policial que atirou e colocado no chão com as mãos para trás. Depois, levou um tapa e outro policial disse que se ele “não tivesse mãe e pai, iriam matá-lo”.

Cinco horas. Segundo o DHPP, os PMs ficaram cerca de cinco horas com o menino antes de apresentá-lo no departamento. Nesse período, a criança gravou o vídeo, a pedido dos policiais. Nele, confirma a versão inicial dos PMs, de que o menino de 10 anos atirou para, em seguida, ser morto.

Para Alves, o menino foi coagido a gravar o vídeo. “A criança havia acabado de presenciar um tiroteio que terminou com a morte do amigo e ainda, segundo ele, foi agredido e ameaçado.”Nesta segunda-feira, 6, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) comentou que o vídeo “parece espontâneo” e o caso é investigado “com todo o rigor” pelo DHPP. A Secretaria da Segurança Pública destacou que os PMs estão afastados das ruas e a Corregedoria acompanha o caso.

O menino de 10 anos morto pela PM foi enterrado no Cemitério São Luís, na zona sul da capital Foto: Felipe Rau/Estadão
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