Alunos pedem fim de convênio entre USP e PM para deixarem o prédio

Mais de 200 estudantes ocupam o prédio administrativo da FFLCH nesta sexta; reitoria da universidade diz que não prevê ação para a retirada do grupo

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Por Bruno Paes Manso , Carlos Lordelo , Pedro da Rocha , Priscila Trindade e Solange Spigliatti
Atualização:

SÃO PAULO - Os mais de 200 alunos que invadiram o prédio da diretoria e administração da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), da Universidade de São Paulo (USP), na noite desta quinta, 27, dizem que só sairão do local após a revogação do convênio da universidade com a Polícia Militar. A informação foi repassada em nota pelo grupo na manhã desta sexta-feira, 28. De acordo com informações do Sindicato dos trabalhadores da USP (Sintusp), que apoia a reivindicação dos alunos, uma assembleia está marcada para às 18 horas desta sexta, no local, para decidir o rumo da manifestação. Os alunos colocaram blocos de concreto na rua em frente para impedir o fluxo de carros. Faixas de pano e cartazes dizem “Fora Rodas, Fora PM,” “Datena bandido”, “PMídia” e “Os policias não são trabalhadores, são os braços armados dos exploradores”.

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A reitoria da USP informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não prevê ação para a retirada dos alunos que ocupam o prédio administrativo da Faculdade de Filosofia (FFLCH), seja por pedido à Justiça ou fazendo a saída negociada dos alunos. A assessoria informou que a desocupação do prédio tem que nascer de pedido da diretoria da própria FFLCH.

O Centro Acadêmico Visconde de Cairu, entidade que representa os alunos da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, divulgou nota sobre a presença da PM no câmpus. Eles são a favor, mas dizem que “é preciso lamentar o ocorrido na última quinta-feira. De certa forma, fica nítido que tanto estudantes quanto policiais se exaltaram".

Ocupação

Na noite desta última quinta, 27, dezenas de estudantes invadiram o mesmo edifício localizado na zona oeste da capital; segundo eles, era uma demonstração de repúdio à ação da Polícia Militar que, horas antes, abordou três universitários que portavam maconha, gerando um confronto entre as duas partes. Alguns dos cerca de 100 alunos que tomaram o prédio afirmaram que a invasão também foi motivada pelo descontentamento em relação à gestão de João Grandino Rodas, atual reitor da Universidade de São Paulo. A invasão, segundo os estudantes, foi decidida em uma a assembleia logo após o confronto entre os cerca de 300 universitários e a Polícia Militar. Como esta sexta-feira, 28, é Dia do Funcionário Público e a próxima quarta-feira, 2, Feriado de Finados e muitos alunos acabam emendando os dias para viajar para cidades do interior onde moram , vários estudantes votaram contra a invasão por considerá-la de pouca repercussão neste momento, afinal muitos deles teriam de deixar o local para saírem da cidade. Diversos alunos que ocupam o prédio da FFLCH foram vistos pela reportagem do estadão.com.br segurando latinhas de cerveja. Uma viatura da Guarda Universitária às 2h30 estava estacionada em frente ao prédio ocupado. Barricadas, feitas de blocos de cimento, bloqueiam as duas principais entradas do prédio. A abordagem feita por PMs a três estudantes de História da USP, que estavam com maconha no estacionamento da FFLCH, provocou quebra-quebra e protestos na noite desta quinta-feira no câmpus do Butantã, na zona oeste de São Paulo.

Patrulha

A presença de PMs na Cidade Universitária foi intensificada, por meio de convênio da universidade, após o assassinato do aluno Felipe Ramos de Paiva, de 24 anos, durante uma tentativa de assalto, em maio. Estudantes que estavam no protesto reclamam que a abordagem policial aos alunos no dia a dia tem sido violenta. “Esse é um dos motivos para a revolta dos estudantes”, disse um aluno que não quis se identificar.

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* Texto atualizado às 14h50

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