PUBLICIDADE

Alexandre e Anna Jatobá querem que Justiça ouça filho

Segundo vizinho, Pietro teria dito que ninguém havia entrado no apartamento

Por José Dacauaziliquá e Laura Diniz
Atualização:

O pai e a madrasta da garota Isabella de Oliveira Nardoni, morta na noite de 29 de março, após ser atirada da janela do 6º andar de um edifício na zona norte de São Paulo, querem que a Justiça tome o depoimento de seu filho mais velho: Pietro, de apenas quatro anos. O pedido de Anna Jatobá e Alexandre Nardoni foi feito na quarta-feira, após o depoimento do síndico do Edifício London, Antonio Lúcio Teixeira, ao promotor Francisco Cembranelli, que acusa o casal de ter assassinado a menina. O síndico disse que foi procurado por um morador do prédio, chamado Jefferson, que diz ter conversado com o garoto, minutos após o crime. O morador teria perguntado se alguém havia entrado no apartamento, e a criança disse: "Não, não, não". Questionado sobre o que havia acontecido com sua irmã, Pietro teria ficado ofegante e soluçado. "Quero que o Pietro seja ouvido", teria dito Anna Jatobá a Alexandre, neste momento. O promotor, que só tomou conhecimento do episódio na quarta, informou que fez um requerimento ao juiz para que esse morador também seja ouvido. Mas ele descartou, por enquanto, ouvir Pietro. Na quarta-feira, oito testemunhas de acusação foram ouvidas por Cembranelli. A família de Alexandre Nardoni tinha medo de deixar Isabella sozinha com a madrasta, Anna Carolina Jatobá. Segundo Ana Carolina Oliveira, mãe da menina, era comum que a irmã e a mãe de Alexandre dormissem no apartamento do casal, para garantir a segurança da criança. Os motivos eram o excessivo ciúme da madrasta em relação à mãe e as discussões do casal. A mãe de Ana, Rosa Maria Cunha de Oliveira, confirmou o receio da família de deixar a menina com a madrasta. Na terça-feira, afirmações semelhantes foram feitas ao juiz do caso, Maurício Fossen, por uma ex-vizinha da família Nardoni, Benícia Fernandes. Ela disse que alertou a mãe de Alexandre, Aparecida, sobre o comportamento de Anna Jatobá. "Eu chamei a atenção da Cida umas três vezes. Falei que não devia deixar a menina ir ao apartamento com ela (madrasta) lá. Ela é tão maluca que a qualquer hora joga a menina lá de cima", teria dito a Aparecida, segundo a Assessoria de Imprensa do Tribunal do Júri (TJ) - os jornalistas não puderam acompanhar os depoimentos. Ana Oliveira entrou nervosa, mas, após ser acalmada pelo juiz, se manteve tranqüila durante as 2 horas e 15 minutos de depoimento e não pediu que o casal fosse retirado. Foi a primeira vez que eles se encontraram, desde o enterro da menina - ficaram a uns 2 metros de distância. Enquanto a mãe de Isabella falava, Alexandre e Anna Jatobá cochichavam. O depoimento foi parecido com o prestado à polícia. Ana relatou o início do namoro com Alexandre, a desconfiança de que ele a traía, as constantes menções ao nome da madrasta e a briga final, após uma festa. Em seguida, comentou a ameaça feita por Alexandre à sua mãe, por causa de discussão sobre a escola da menina, e outros momentos de atrito do casal. A principal pergunta da defesa foi os motivos que a levaram a crer na culpa do casal. Ela respondeu que foram alguns fatos de que teve conhecimento e não deu detalhes. Os advogados fizeram perguntas geralmente dirigidas a suspeitos, como qual roupa que ela usava na noite do crime, se trocou de roupa, com quem foi ao London, se conhecia alguém no 9º DP antes do crime, se é destra, se teve relacionamento amoroso com outros homens enquanto estava com Alexandre e se conhece alguém chamado Robson, entre outras. Também questionaram se a madrasta costumava pegar Isabella na escola, junto com Pietro. Após a resposta positiva, a defesa quis saber se isso significava que ela confiava na madrasta. Ana disse que, após o nascimento dos filhos do casal, ficou mais tranqüila. A mãe de Ana foi a terceira a depor, após o porteiro do London, Valdomiro da Silva Veloso. Durante seu depoimento, ela provocou reação negativa em Alexandre. Rosa negou que o ex-genro tenha retomado o relacionamento com sua filha porque ela estava doente - ela o afirmou à polícia, mas negou perante o juiz. O réu balançou a cabeça. Rosa falou que a filha decidiu terminar com Alexandre ao suspeitar de traição e ao descobrir que ele tinha 75 cheques devolvidos. "Não quero isso para a minha vida", é o que ela teria ouvido da filha. O pai de Ana, José Arcanjo de Oliveira, foi dispensado pelo juiz.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.