Além de recursos, falta uma política de Estado para a área

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Por Análise: Rodrigo Moruzzi e Júlio C.C. Neto
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Não adianta investir grandes recursos em pouco tempo. É necessária uma política de Estado. Não se resolve o problema de saneamento brasileiro em uma década. São necessárias décadas de investimento ininterrupto. Os números apresentados no ranking nos deixam felizes, mas temos muito a fazer ainda. A Sabesp iniciou o Projeto Tietê há 20 anos e está iniciando agora a terceira fase, quando se observa que a qualidade das águas dos nossos rios e córregos é muito pior do que aquela existente no início da década de 1990. Depois de fazer cinco estações de tratamento - há mais de dez anos, com uma tecnologia que pode ser considerada ultrapassada - a companhia não realizou mais nenhum investimento nesse setor. Entretanto, continua a cobrar pelo serviço que realmente não presta.Enquanto em países desenvolvidos já estão falando em aprimorar as fases do tratamento do esgoto, no Brasil, a gente nem sequer conseguiu universalizar a coleta do esgoto produzido. Uma discussão da terceira fase do tratamento. Na Europa, eles estudam como aprimorar a depuração de nutrientes e contaminantes do esgoto.No nosso caso, o problema ainda é antigo, o de coleta, passo anterior ao do tratamento. Os últimos números mostram déficit de aproximadamente 40% na coleta. E dos 60% coletados, só cerca de 30% são tratados em todo território nacional, o resto é despejado a céu aberto in natura.Levado em conta o ritmo atual da aplicação de recursos disponíveis, do crescimento populacional e da evolução urbana e rural do País, seria necessária verba de R$ 200 bilhões para universalizar os serviços de saneamento, num prazo médio de 15 anos. A projeção, otimista, é do Ministério das Cidades - o PAC, por exemplo, prevê R$ 40 bilhões para os próximos anos. RODRIGO MORUZZI É PROFESSOR DE ENGENHARIA AMBIENTAL DA UNESP DE RIO CLAROJULIO CERQUEIRA CESAR NETO É EX-PRESIDENTE DO COMITÊ DA BACIA DO ALTO TIETÊ

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